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Bancos apontam fim da recessão no país
Pesquisas com metodologias diferentes mostram maio como momento de virada após 2 trimestres de PIB negativo
Mesmo com fim da recessão, economia deve fechar ano com retração de ao menos 0,5%; em 2010, previsão é de expansão superior a 4%
Alan Marques/Folha Imagem
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que voltou de férias ontem, chega para reunião com Lula
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A recessão brasileira terminou em maio. Após dois trimestres seguidos de retração, que
caracterizaram recessão técnica no país, a economia brasileira voltou a se expandir exatamente no centro do segundo
trimestre, de acordo com diferentes estudos dos bancos Bradesco e Itaú Unibanco.
Segundo o Bradesco, com os
dados até maio, o PIB do segundo trimestre já apontava um
crescimento de 1,7% em relação aos primeiros três meses
deste ano. Até abril, os resultados eram negativos.
Já os economistas do Itaú
Unibanco detectaram em maio
uma alta de 2,3% do PIB em relação a abril, o que também sugere a primeira expansão trimestral da economia após a crise. Os dados fazem parte de
uma nova pesquisa, que segue a
metodologia do IBGE, para estimar o PIB mensal, já livre de
efeitos sazonais. Em abril, a
pesquisa apurara retração de
0,7% em relação a março.
Para Octavio de Barros, diretor de pesquisas do Bradesco,
os números mostram que o
Brasil foi um dos primeiros países do mundo a sair da crise. A
recessão é caracterizada tecnicamente por economistas com
dois trimestres seguidos de retração. De acordo com o IBGE,
a economia encolheu 0,8% no
primeiro trimestre e 3,6% no
último trimestre de 2008.
Segundo Barros, a saída do
Brasil da recessão é algo para
ser comemorado, mas que era
previsível dados os sinais de
que o país e alguns emergentes
sairiam antes da crise por conta
de seus grandes mercados domésticos. "A ação do governo
foi importante para a recuperação, principalmente a atuação
dos bancos públicos", disse ele.
Desde janeiro, o levantamento do PIB mensal do Itaú Unibanco mostra uma recuperação
lenta da economia. A novidade
em maio foi que o indicador do
Itaú se expandiu de forma mais
vigorosa. "Do jeito que as coisas
estão caminhando, não só teremos crescimento, como um
crescimento bem positivo [no
segundo trimestre]. A gente
captou uma coisa que não se via
antes. Tínhamos vários indicadores mensais, como produção
industrial e dados do varejo,
mas que não davam o quadro
completo", afirmou Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú
Unibanco.
Na previsão do Itaú, o PIB
deve ter crescido entre 1,5% e
2% no segundo trimestre de
2009 em relação ao período anterior. Para o Bradesco, a alta
pode ser de até 2,2%.
Apesar da recuperação a partir de maio, o PIB deste ano ainda deve registrar queda de pelo
menos 0,5%, em razão da forte
desaceleração do início do ano.
Para 2010, as previsões são bastante otimistas, de crescimento
superior a 4%, de acordo com o
Bradesco.
Os dados desagregados do indicador calculado pelo Bradesco mostram que a demanda doméstica foi a responsável pelo
desempenho favorável, enquanto o setor externo ajudou a
jogar a atividade para baixo.
Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú, a redução das alíquotas de IPI para o setor automobilístico foi um dos propulsores do crescimento entre
abril e junho. Ele afirma que o
incentivo levou a indústria a
uma expansão mensal média
de 1,5% de janeiro a maio -excluindo o setor, a variação recua para 0,6% ao mês.
O segundo fator da recuperação foi o ajuste nos estoques da
indústria. Isso porque, no início da crise, a produção caiu
mais rapidamente do que a demanda, como uma reação para
impedir uma formação indesejada de estoques. Com a recuperação da demanda, a indústria teve de voltar a produzir
mais para não ter problemas de
entrega. "E isso ocorreu entre
abril e junho, elevando a taxa de
crescimento da produção industrial", disse Bicalho.
O segundo fator foi o ajuste
nos estoques da indústria. Finalmente, houve uma recuperação de volumes exportados e
preços das commodities, com a
retomada da demanda chinesa.
A previsão é que as exportações
sigam como principal fator de
recuperação no segundo semestre.
Para o Itaú, os indicadores de
junho já divulgados mostram
recuperação da economia em
diversos setores, com destaque
para vendas no varejo e para a
produção industrial. Na avaliação do banco, o crescimento verificado no segundo trimestre
de 2009 pode ser até em ritmo
mais vigoroso do que a média
vista no período anterior à crise. Por outro lado, a expectativa
é a de que, na segunda metade
do ano, esse ritmo se desacelere
novamente.
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