São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 2002

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Após 2 dias em queda, dólar sobe

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

A trégua no mercado cambial durou apenas dois dias. O dólar voltou a subir ontem e fechou a R$ 3,133, com alta de 1,23%.
A moeda caía mais de 1% quando o BC informou que recusara todas as propostas para leilões de "swap" cambial que tentou realizar ontem. O motivo: as altas taxas pedidas pelo mercado. Foram ofertados 19,1 mil contratos para a rolagem de dívida cambial de cerca de US$ 1 bilhão que vence na semana que vem. No lote para outubro, o mercado pediu taxa de 50,5% ao ano. Para novembro, 56,1% e para dezembro, 36,6%.
Como o governo não conseguiu colocar os contratos e iniciar a rolagem, criou-se a tensão diante da possibilidade de o governo não ser capaz de efetuar a operação.
Do resultado do leilão de ontem, é possível afirmar que os investidores pedem taxas cada vez maiores para ter os papéis em mãos. Não é possível comparar, diretamente, os números dessa operação com as tentativas de rolagens de papéis semelhantes em meses anteriores. Isso porque cada papel tem características específicas, como o prazo, e envolve expectativas e projeções diversas -a cotação do dólar e o risco-país estavam em outros níveis nos outros meses, por exemplo.
"Em um leilão, cada um pede o preço que quer", afirma Emanuel Pereira da Silva, diretor da GAP Asset Management. "Cabe à outra parte [o BC" aceitar ou não", diz.
Ele avalia que a taxa subiu devido à escassez de dólares no mercado. As incertezas eleitorais e a aversão mundial ao risco secaram as linhas de crédito para o país. Dessa forma, empresas não conseguem rolar débitos e têm de comprar a moeda no mercado à vista, o que pressiona a cotação.
Analistas foram unânimes em afirmar que as taxas pedidas foram irracionais e concordaram que o BC agiu corretamente.
"Se o BC aceitasse pagar 50%, o dólar subiria mais ainda, porque criaria a sensação de que a situação está pior do que parece", avalia Helio Osaki, da Finambras.
Além disso, ainda há o vencimento de cerca de US$ 200 milhões em dívidas do setor privado esperados para esta semana. O dólar chegou a cair até 1,45% ontem, após pesquisa eleitoral que mostrou o crescimento de cinco pontos do candidato do governo, José Serra (PSDB). Serra é o candidato do mercado por ser identificado com a continuidade da atual política econômica. O BC fez leilão de linha externa de US$ 100 milhões e vendeu dólares diretamente ao mercado ontem.


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