|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após 2 dias em queda, dólar sobe
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
A trégua no mercado cambial
durou apenas dois dias. O dólar
voltou a subir ontem e fechou a
R$ 3,133, com alta de 1,23%.
A moeda caía mais de 1% quando o BC informou que recusara
todas as propostas para leilões de
"swap" cambial que tentou realizar ontem. O motivo: as altas taxas pedidas pelo mercado. Foram
ofertados 19,1 mil contratos para a
rolagem de dívida cambial de cerca de US$ 1 bilhão que vence na
semana que vem. No lote para outubro, o mercado pediu taxa de
50,5% ao ano. Para novembro,
56,1% e para dezembro, 36,6%.
Como o governo não conseguiu
colocar os contratos e iniciar a rolagem, criou-se a tensão diante da
possibilidade de o governo não
ser capaz de efetuar a operação.
Do resultado do leilão de ontem, é possível afirmar que os investidores pedem taxas cada vez
maiores para ter os papéis em
mãos. Não é possível comparar,
diretamente, os números dessa
operação com as tentativas de rolagens de papéis semelhantes em
meses anteriores. Isso porque cada papel tem características específicas, como o prazo, e envolve
expectativas e projeções diversas
-a cotação do dólar e o risco-país estavam em outros níveis nos
outros meses, por exemplo.
"Em um leilão, cada um pede o
preço que quer", afirma Emanuel
Pereira da Silva, diretor da GAP
Asset Management. "Cabe à outra
parte [o BC" aceitar ou não", diz.
Ele avalia que a taxa subiu devido à escassez de dólares no mercado. As incertezas eleitorais e a
aversão mundial ao risco secaram
as linhas de crédito para o país.
Dessa forma, empresas não conseguem rolar débitos e têm de
comprar a moeda no mercado à vista, o que pressiona a cotação.
Analistas foram unânimes em afirmar que as taxas pedidas foram irracionais e concordaram que o BC agiu corretamente.
"Se o BC aceitasse pagar 50%, o dólar subiria mais ainda, porque criaria a sensação de que a situação está pior do que parece", avalia Helio Osaki, da Finambras.
Além disso, ainda há o vencimento de cerca de US$ 200 milhões em dívidas do setor privado esperados para esta semana. O dólar chegou a cair até 1,45% ontem, após pesquisa eleitoral que mostrou o crescimento de cinco pontos do candidato do governo, José Serra (PSDB). Serra é o candidato do mercado por ser identificado com a continuidade da atual política econômica. O BC fez leilão de linha externa de US$ 100 milhões e vendeu dólares diretamente ao mercado ontem.
Texto Anterior: Dinheiro do BC chega caro para exportador Próximo Texto: Crédito será retomado, diz presidente do ABN Índice
|