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COMÉRCIO
Meta é avançar nos debates
Brasil levará proposta sobre subsídios à OMC
FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE, EM GENEBRA
O Brasil não pretende abrir mão
da possibilidade de avançar na
discussão da questão agrícola no
próximo encontro da OMC (Organização Mundial do Comércio), em Cancún. Pelo menos foi o
que deixou claro o embaixador
Luiz Felipe de Seixas Corrêa, chefe da missão brasileira em Genebra, ao defender o envio das propostas sobre a liberalização da
agricultura apresentadas pelo G-20 (grupo de países em desenvolvimento) para a reunião na cidade mexicana.
Será essa a posição que o embaixador defenderá hoje no encontro dos representantes do G-20
para decidir sobre o envio ou não
do documento para a reunião que
acontece em setembro.
O Brasil não aceita que o texto-base para os debates em Cancún
seja o do presidente do Conselho
Geral da OMC, o uruguaio Carlos
Perez Del Castillo. As críticas acusam o documento de favorecer os
interesses dos EUA e da União
Européia na manutenção de políticas de protecionismo e subsídios agrícolas.
"Não vou objetar o envio do
texto dele, mas que fique claro
que não foi aprovado pelo Conselho, e que não se destina a ser a base da discussão. Todas as outras
propostas devem ser levadas para
conhecimento em Cancún em pé
de igualdade", disse.
"O documento vai como está
com uma carta anexa na qual serão reconhecidas as divergências
existentes. Todos os textos que foram colocados sobre a mesa permanecerão sobre a mesa. Ele [Seixas] vai mandar o texto dele, mas
deve mencionar que as outras
propostas continuam sobre a mesa", disse Del Castillo.
Na missão brasileira, a intenção
é, ainda em Cancún, tentar conseguir um pouco mais de especificidade ao que já foi conquistado na
Rodada de Doha (capital do Qatar), há um ano e meio.
Ceticismo brasileiro
Para o ministro da Agricultura,
Roberto Rodrigues, as negociações agrícolas da OMC têm forte
probabilidade de serem postergadas para março de 2004.
"O impasse nesses dois dias de
negociação em Genebra [segunda-feira e terça-feira desta semana] foi muito grande. Há indícios
claros de que as negociações agrícolas devem ficar para uma nova
reunião no ano que vem", disse o
ministro durante seminário realizado ontem, em São Paulo.
A declaração do ministro corroborou as informações divulgadas
terça-feira pela agência de notícias japonesa Kyodo. Segundo a
agência, a OMC teria declarado a
intenção de adiar as discussões de
temas agrícolas para uma nova
reunião, em Genebra, em 2004.
Rodrigues porém revela o que
poderia ser um plano B. "O ceticismo com Cancún é amenizado
pelo término da Cláusula da Paz.
Com o seu fim, os países desenvolvidos passam a ter uma espada
sobre suas cabeças. Isso é extremamente positivo para o Brasil",
disse o ministro.
A cláusula, que termina em 31
de dezembro, estabelece que após
seu fim os países da OMC estarão
livres para abrir contenciosos sobre qualquer tipo de subsídio.
Colaborou Cíntia Cardoso, da Reportagem Local
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