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Ricupero prega controle
de capital de curto prazo
JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário-geral da Unctad
(Conferência das Nações Unidas
sobre o Comércio e Desenvolvimento), Rubens Ricupero, defendeu ontem o controle do ingresso
de capitais de curto prazo como
mecanismo para conter a valorização excessiva do câmbio.
Ricupero, que foi ministro da
Fazenda no governo de Itamar
Franco (1992-1995), afirmou que
os produtos brasileiros só permanecerão competitivos para as exportações caso o dólar fique cotado entre R$ 3 e R$ 3,20.
"Esse instrumento [controle de
capitais] existe e deve ser acionado no momento em que a valorização do real acontecer", afirmou.
Ele, no entanto, destacou que seria preciso saber qual o ingresso
diário de investimentos de curto
prazo no Brasil para avaliar se a
adoção da medida seria recomendável no momento.
Ricupero afirmou que o Brasil
dá um tratamento melhor ao capital especulativo que ao investimento de empresas no país.
"Não tem sentido favorecer a
entrada de capital de arbitragem,
que pode sair daqui a qualquer
momento. Principalmente se esse
capital levar a uma valorização
excessiva da moeda brasileira."
O secretário, que chegou a ser
cotado para assumir a pasta das
Relações Exteriores no governo
Lula, lembrou ainda que a Argentina recentemente adotou o controle da entrada de capitais. Segundo ele, a medida também valeria para o Brasil.
No mês passado, o secretário de
Política Econômica do Ministério
da Fazenda, Marcos Lisboa, descartou a proposta de controle de
capitais, que vinha ganhando corpo entre representantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Ele alegou que
esse tipo de medida só deve ser
adotado em situações extremas.
Acordo medíocre
Ricupero alertou para o risco de
um acordo "medíocre" na rodada
de Cancún da OMC (Organização
Mundial do Comércio), prevista
para setembro, e disse que o Brasil
não pode contar com a redução
das barreiras dos EUA e da Europa para produtos agrícolas.
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