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TRABALHO
Pesquisa Seade/Dieese indica recuo da taxa de 20,3%, em junho, para 19,7%, em julho; cresce emprego formal
Desemprego em SP cai pelo 2º mês seguido
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O desemprego recuou pelo segundo mês consecutivo na região
metropolitana de São Paulo. A taxa caiu de 20,3%, em junho, para
19,7% em julho. A melhora ocorreu por conta da criação de 55 mil
novos postos de trabalho e da saída de 4.000 pessoas da PEA (População Economicamente Ativa)
A renda do trabalhador também registrou reação. Em junho,
na comparação com maio, houve
alta de 1,8%: os salários médios
passaram de R$ 894 para R$ 910.
Os dados integram pesquisa da
Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e do
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), divulgada ontem. O levantamento mostrou
que, em junho, a taxa de desemprego já havia recuado para
20,3%, contra os 20,6% de maio.
"A melhora nos últimos meses é
sazonal, típica desta época do
ano. Historicamente, o segundo
semestre é mais aquecido. A tendência é que continue a haver declínio [na taxa de desemprego]
até dezembro, mas não será nada
espetacular", disse Paula Montagner, gerente de análises da Fundação Seade.
Em números absolutos, significa que, da PEA de 9,816 milhões
de pessoas, 1,934 milhão (19,7%)
estava desempregado em julho.
Em termos percentuais, foi o
pior resultado para o mês desde
os 20,1% de julho de 1999. No ano
passado, o nível de desemprego
em julho estava em 18,1%.
Segundo a pesquisa, no mês
passado foram fechadas 29 mil
ocupações na indústria. No entanto os setores de serviços e o de
comércio contribuíram com a
abertura de, respectivamente, 45
mil e 33 mil novos postos.
Há outro sinal de alento: o total
de ocupados com carteira assinada (emprego formal) cresceu
1,2% no setor privado, entre junho e julho -o que significa mais
37 mil trabalhadores com registro. Desde março, a variação do
emprego formal não era positiva
no setor privado. No setor público, o total de assalariados também
aumentou: foram mais 28 mil
contratados no período (4,5%).
Série longa
Apesar da alta na renda, na
comparação com maio, o rendimento médio real dos trabalhadores ocupados teve, em junho
passado, seu pior nível para o mês
desde 1985.
De acordo com o relatório, o
rendimento médio dos trabalhadores ocupados era, em junho, de
R$ 910. Em 1985, o ganho médio
desse mesmo trabalhador equivalia, em valores atuais, a R$ 1.771.
Ou seja, um assalariado ocupado
na região metropolitana recebeu,
em junho, um salário médio equivalente a 51,4% do que lhe era pago 18 anos atrás. Os números
apontam que, desde a implantação do Real (e a estabilização da
economia), o rendimento real dos
trabalhadores recuou 22% -em
junho de 1994, os trabalhadores
ocupados recebiam, em valores
atualizados, R$ 1.169.
Comparado a junho do ano passado, a queda do salário médio
dos ocupados foi de 8,1% -em
junho de 2002, o rendimento chegava a R$ 990. A pesquisa classifica como ocupados os trabalhadores que nos sete dias anteriores à
entrevista possuam trabalho remunerado exercido de forma regular ou mesmo que tivessem trabalhado de forma irregular, mas
não procuraram outro emprego.
Renda deve subir
O rendimento médio do setor
privado, em junho, foi 5,1% menor do que há um ano (caiu de R$
973 para R$ 923).
Desse grupo, os piores desempenhos ocorreram na indústria
(recuo de 7,4% no salário médio)
e no comércio (menos 7,35%),
amenizados por queda de "apenas" 2,6% no setor de serviços.
Os autônomos tiveram as maiores perdas de renda: queda de 16%
na comparação de junho último
em relação a junho de 2002. Se um
autônomo recebia, em média, R$
730 no ano passado, hoje seu rendimento não ultrapassa R$ 613.
"A diminuição de renda é uma
das travas da economia. Essa melhora de maio para junho mostra
que, ao menos, a renda parou de
cair", disse Sérgio Mendonça, diretor técnico do Dieese. "Há espaço para melhora no rendimento
nos próximos meses, principalmente porque a inflação está controlada, ao contrário do segundo
semestre do ano passado."
Mendonça mencionou que algumas categorias têm data-base
neste semestre e, nas negociações,
podem incorporar a inflação acumulada em 12 meses.
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