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RECEITA ORTODOXA
Setor público consegue obter no ano superávit recorde de R$ 53 bi
Aperto fiscal chega a 5,59% do PIB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Puxado pelo aperto fiscal conduzido pelo governo federal, o setor público (União, Estados, municípios e estatais) conseguiu fazer, neste ano, uma economia recorde para pagar juros da dívida.
Entre janeiro e julho, o superávit
primário (receitas menos despesas, exceto gastos com juros) foi
de R$ 52,796 bilhões.
O valor equivale a 5,59% do PIB
(Produto Interno Bruto, total de
riquezas produzidas pelo país).
Foi o maior resultado já registrado para o período desde 1991,
quando o Banco Central passou a
medir os resultados pela atual
metodologia.
O aperto deste ano representa
alta de 19% em relação ao superávit obtido nos primeiros sete meses de 2003. Entre janeiro e julho
de 2002 -último ano do governo
Fernando Henrique Cardoso-,
por sua vez, a economia foi de R$
32,882 bilhões, ou 4,4% do PIB.
O resultado deste ano foi sustentado pelo chamado governo
central (União, BC e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social),
que, entre janeiro e julho, respondeu por 75% do superávit primário alcançado no período pelo setor público consolidado.
As estatais, por sua vez, têm obtido resultados menores do que
em 2003. Nos primeiros sete meses deste ano, a economia feita
por essas empresas somou R$
1,587 bilhão, contra R$ 2,639 bilhões em igual período do ano
passado. Para Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico
do BC, esse movimento é conseqüência dos maiores investimentos que as companhias têm feito.
Ele diz ainda que, mesmo sendo
este um ano de eleições, os gastos
dos municípios têm permanecido
sob controle. Entre janeiro e julho, as prefeituras acumularam
um superávit de R$ 961 milhões
-um aumento de 17% em relação ao resultado registrado em
igual período de 2003.
Mesmo o resultado negativo do
mês passado -quando os municípios apresentaram um déficit de
R$ 40 milhões- é classificado
por Lopes de "pontual". "Isso [o
aumento de gastos em época eleitoral] não tem se verificado. A Lei
de Responsabilidade Fiscal inibe
isso", afirma.
O aperto fiscal, somado à estabilidade da taxa de câmbio -que
corrige 23% da dívida do setor
público-, ajudou a reduzir o endividamento do governo nos últimos meses. No final de 2003, graças aos elevados juros praticados
naquele ano, a dívida chegou a representar 58,7% do PIB
FMI
Além dos parâmetros previstos
no Orçamento, o superávit primário a ser alcançado pelo setor
público também deve respeitar os
limites mínimos fixados no acordo fechado com o FMI (Fundo
Monetário Internacional). Pelo
entendimento, a economia de receitas neste ano deve ficar em pelo
menos R$ 71,5 bilhões, valor que
equivale a aproximadamente
4,25% do PIB.
O Brasil obedece a critérios do
FMI desde o final de 1998, quando
foi assinado o primeiro de uma
série de entendimentos com o organismo. O atual acordo deve se
encerrar em dezembro.
Já os gastos com juros devem
encerrar o ano em aproximadamente R$ 125 bilhões, segundo estimativas do BC. Isso significa que
o déficit público nominal (que soma todas as receitas e despesas do
governo, incluindo os gastos com
juros) chegaria a cerca de R$ 53,8
bilhões, o que equivaleria a 3,2%
do PIB. No ano passado, o déficit
ficou em R$ 79,032 bilhões, ou
5,22% do PIB.
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