São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2004

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COMÉRCIO

Setor se reúne e pede a ministro Furlan mais atenção às questões tributárias e combate à informalidade

Grandes redes de varejo já registram leve desaceleração

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas das maiores redes de varejo perceberam uma redução no ritmo de vendas em agosto. É o caso da Casas Bahia e da Renner. Um dos motivos está na base de comparação. Como agora as cadeias precisam relacionar os seus desempenhos com o segundo semestre de 2003, período de receitas elevadas, a euforia com o crescimento tende a diminuir.
Até agora, os resultados das lojas eram sempre comparados com os primeiros seis ou sete meses do ano passado, quando o consumidor fugiu das lojas. "Agosto foi pior do que julho. Como tivemos um forte segundo semestre em 2003, fica difícil manter o patamar de expansão em 2004", diz Michael Klein, diretor administrativo da Casas Bahia.
"Se crescermos 10% [de julho a dezembro], já é muito bom", disse ele ontem, após reunião fechada com varejistas em São Paulo.
No primeiro semestre deste ano, apenas as vendas a prazo da Casas Bahia somaram R$ 3,6 bilhões, o que significou um aumento bem mais gordo, de 58%, sobre igual período de 2003.
Na Renner, rede de vestuário, houve uma mudança no desempenho durante o mês. "Começamos muito bem com o Dia dos Pais. Mas, passada a data, a curva foi caindo e estamos com um resultado pior do que no ano passado", afirmou José Galló, presidente da rede varejista.
No caso do Pão de Açúcar, essa leve desaceleração não foi notada, segundo César Suaki, diretor comercial da rede. Na prática, as vendas de alimentos apenas começaram a dar sinais de alta nos últimos dois meses. Logo, é um cenário diferente do varejo de eletrônicos, que acumula altas elevadas nas vendas no ano.
Galló e Klein estiveram reunidos ontem com outros presidentes do setor como Augusto Cruz (Pão de Açúcar), Vicente Truis (Wal-Mart), Maria Luiza Trajano Rodrigues (Magazine Luiza), Flavio Rocha (Riachuelo) e outros.
Eles se reuniram em São Paulo com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, para pedir apoio.
Oficialmente, chamaram-no para informar sobre a criação de uma nova entidade, o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo). Na prática, foram pressionar o ministro.
Querem que o ministério tenha uma Secretaria do Comércio, assim como a indústria tem a sua. Querem ainda alterações na legislação trabalhista do setor. Isso inclui, ainda que as empresas desconversem, a possibilidade de mudanças na lei que proíbe a abertura de lojas aos domingos.
O ministro falou pouco. Disse que precisa de propostas do setor no papel para que possa levar adiante. "Pensem grande, comecem pequeno e andem rápido", disse, segundo apurou a Folha.
O setor reclama da informalidade e do peso dos impostos. Pela primeira vez, essa turma de presidentes conseguiu deixar de lado as rusgas e ir bater na porta do governo por mudanças. Estima-se que 55% das lojas atuem na informalidade, segundo Flavio Rocha, da direção do IDV.


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