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COMÉRCIO
Setor se reúne e pede a ministro Furlan mais atenção às questões tributárias e combate à informalidade
Grandes redes de varejo já registram leve desaceleração
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Algumas das maiores redes de
varejo perceberam uma redução
no ritmo de vendas em agosto. É o
caso da Casas Bahia e da Renner.
Um dos motivos está na base de
comparação. Como agora as cadeias precisam relacionar os seus
desempenhos com o segundo semestre de 2003, período de receitas elevadas, a euforia com o crescimento tende a diminuir.
Até agora, os resultados das lojas eram sempre comparados
com os primeiros seis ou sete meses do ano passado, quando o
consumidor fugiu das lojas.
"Agosto foi pior do que julho. Como tivemos um forte segundo semestre em 2003, fica difícil manter o patamar de expansão em
2004", diz Michael Klein, diretor
administrativo da Casas Bahia.
"Se crescermos 10% [de julho a
dezembro], já é muito bom", disse ele ontem, após reunião fechada com varejistas em São Paulo.
No primeiro semestre deste
ano, apenas as vendas a prazo da
Casas Bahia somaram R$ 3,6 bilhões, o que significou um aumento bem mais gordo, de 58%,
sobre igual período de 2003.
Na Renner, rede de vestuário,
houve uma mudança no desempenho durante o mês. "Começamos muito bem com o Dia dos
Pais. Mas, passada a data, a curva
foi caindo e estamos com um resultado pior do que no ano passado", afirmou José Galló, presidente da rede varejista.
No caso do Pão de Açúcar, essa
leve desaceleração não foi notada,
segundo César Suaki, diretor comercial da rede. Na prática, as
vendas de alimentos apenas começaram a dar sinais de alta nos
últimos dois meses. Logo, é um
cenário diferente do varejo de eletrônicos, que acumula altas elevadas nas vendas no ano.
Galló e Klein estiveram reunidos ontem com outros presidentes do setor como Augusto Cruz
(Pão de Açúcar), Vicente Truis
(Wal-Mart), Maria Luiza Trajano
Rodrigues (Magazine Luiza), Flavio Rocha (Riachuelo) e outros.
Eles se reuniram em São Paulo
com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, para pedir apoio.
Oficialmente, chamaram-no
para informar sobre a criação de
uma nova entidade, o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do
Varejo). Na prática, foram pressionar o ministro.
Querem que o ministério tenha
uma Secretaria do Comércio, assim como a indústria tem a sua.
Querem ainda alterações na legislação trabalhista do setor. Isso inclui, ainda que as empresas desconversem, a possibilidade de
mudanças na lei que proíbe a
abertura de lojas aos domingos.
O ministro falou pouco. Disse
que precisa de propostas do setor
no papel para que possa levar
adiante. "Pensem grande, comecem pequeno e andem rápido",
disse, segundo apurou a Folha.
O setor reclama da informalidade e do peso dos impostos. Pela
primeira vez, essa turma de presidentes conseguiu deixar de lado
as rusgas e ir bater na porta do governo por mudanças. Estima-se
que 55% das lojas atuem na informalidade, segundo Flavio Rocha,
da direção do IDV.
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