São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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análise

Queda pode dificultar a posição do BC

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em vez de alívio geral com a deflação no IGP-M, os diretores do Banco Central têm agora uma preocupação a mais: como convencer o presidente Lula, seus colegas de governo e a sociedade que essa situação ainda não afasta de vez os riscos para a estabilidade de preços em 2009 que sustentaram a alta recente dos juros?
Mesmo que a queda nos preços dos alimentos se mantenha ou até se acentue, em linha com a trajetória das commodities, para o BC, segundo a Folha apurou, ainda há uma pressão muito forte em outros setores que ameaçam a meta do IPCA, o índice de preços ao consumidor que serve de referência para o BC.
Atualmente, as expectativas de mercado para 2009 são de IPCA de 5%, acima do centro da meta, de 4,5%. Há mais de um mês, essa previsão segue inalterada, enquanto a para 2008 caiu.
As incertezas são várias. O IGP-M acumulado em 12 meses é usado para reajustar itens importantes no orçamento doméstico como aluguéis, tarifas públicas, planos de saúde. Isso faz com que ele leve para frente parte desse passado de inflação elevada. No ano, o índice alcança 8,35% de alta e, em 12 meses, 13,63%.
Além disso, as altas no atacado ainda estão sendo repassadas para o varejo, já que as elevações não são automáticas ao longo da cadeia produtiva. O IPC, que responde por 30% do IGP-M, seguiu em elevação, assim como o INCC (Índice Nacional da Construção Civil, 10% do IGP-M). E o ciclo de alta de preços ao consumidor pode se sustentar na demanda forte e na recomposição da renda, seja por reajustes salariais reais ou novas vagas.
Por isso, a avaliação do BC, é que somente um freio no crescimento irá ajustar esse descompasso entre oferta e demanda e garantir uma estabilidade de preços em 2009 e 2010.


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