São Paulo, sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vale retoma projeto de siderúrgica de US$ 3 bi no ES

Sete meses depois de cancelar projeto em parceria, empresa deve retomar obra sozinha

Decisão pode ter sido influenciada pela pressão do governo, que, descontente com demissões, ameaçou interferir na gestão da Vale


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO DA REUTERS

Após uma tentativa abortada, a Vale anuncia hoje a reativação do projeto de construir uma siderúrgica no Espírito Santo. Batizado de Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), o empreendimento, que deve exigir desembolso de US$ 3 bilhões, terá capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano e tem o início das operações previsto para 2014.
"É um conjunto de investimentos. A Vale, para estruturar essa siderúrgica, vai executar um novo ramal ferroviário e um porto para poder escoar a produção", disse o secretário de Desenvolvimento do Estado, Guilherme Dias.
A retomada do empreendimento acontece sete meses depois de a Vale ter cancelado o projeto da CSV (Companhia Siderúrgica Vitória), que seria desenvolvido em parceira com a chinesa Baosteel e que também produziria 5 milhões de placas de aço. Na ocasião, a Vale justificou a desistência por conta da crise e outros entraves ao projeto, como questões ambientais. Além da capacidade de produção prevista, ambos os projetos têm em comum o local de instalação: o distrito litorâneo de Anchieta.
A decisão da Vale de retomar a intenção de investimentos no Espírito Santo pode ter forte ingrediente político.
A Vale tem sido alvo de críticas do governo desde o fim do ano passado, quando demitiu 1.300 empregados e cortou US$ 3 bilhões de seu plano de investimentos. O presidente Lula chegou a ameaçar interferir no comando administrativo da Vale, através da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e da BNDESPar, braço do BNDES, que têm ações com direito a voto na companhia.
Agora, a possibilidade de a empresa tocar a siderúrgica sozinha é questionada no mercado. "A Vale já tem projetos em sua área foco, mineração, muito elevados para os próximos anos", diz o analista da Corretora SLW, Pedro Gaudi.
Além da CSU, a Vale tem em pauta a Companhia Siderúrgica de Pecém (CE) e a Aços Laminados do Pará, ambas com início das operações previsto para 2013. Em nenhum dos casos há parceiros confirmados.
Outra iniciativa na área foi a CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), em parceria com a alemã ThyssenKrupp, no Rio, que vai operar em 2010.
O interesse da Vale na área de siderurgia faz parte da estratégia da empresa de garantir a venda de seu minério de ferro para os projetos de que é sócia.
A companhia sempre sinalizava, no entanto, que seu papel nesse processo era de indutora dos investimentos, participando de forma minoritária neles.


Texto Anterior: Vaivém das commodities
Próximo Texto: Lula tenta acordo com Estados sobre pré-sal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.