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Vale retoma projeto de siderúrgica de US$ 3 bi no ES
Sete meses depois de cancelar projeto em parceria, empresa deve retomar obra sozinha
Decisão pode ter sido influenciada pela pressão do governo, que, descontente com demissões, ameaçou interferir na gestão da Vale
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
DA REUTERS
Após uma tentativa abortada, a Vale anuncia hoje a reativação do projeto de construir
uma siderúrgica no Espírito
Santo. Batizado de Companhia
Siderúrgica de Ubu (CSU), o
empreendimento, que deve
exigir desembolso de US$ 3 bilhões, terá capacidade para
produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano e
tem o início das operações previsto para 2014.
"É um conjunto de investimentos. A Vale, para estruturar
essa siderúrgica, vai executar
um novo ramal ferroviário e
um porto para poder escoar a
produção", disse o secretário de
Desenvolvimento do Estado,
Guilherme Dias.
A retomada do empreendimento acontece sete meses depois de a Vale ter cancelado o
projeto da CSV (Companhia Siderúrgica Vitória), que seria
desenvolvido em parceira com
a chinesa Baosteel e que também produziria 5 milhões de
placas de aço. Na ocasião, a Vale
justificou a desistência por
conta da crise e outros entraves
ao projeto, como questões ambientais. Além da capacidade
de produção prevista, ambos os
projetos têm em comum o local
de instalação: o distrito litorâneo de Anchieta.
A decisão da Vale de retomar
a intenção de investimentos no
Espírito Santo pode ter forte
ingrediente político.
A Vale tem sido alvo de críticas do governo desde o fim do
ano passado, quando demitiu
1.300 empregados e cortou US$
3 bilhões de seu plano de investimentos. O presidente Lula
chegou a ameaçar interferir no
comando administrativo da
Vale, através da Previ, o fundo
de pensão dos funcionários do
Banco do Brasil, e da BNDESPar, braço do BNDES, que têm
ações com direito a voto na
companhia.
Agora, a possibilidade de a
empresa tocar a siderúrgica sozinha é questionada no mercado. "A Vale já tem projetos em
sua área foco, mineração, muito elevados para os próximos
anos", diz o analista da Corretora SLW, Pedro Gaudi.
Além da CSU, a Vale tem em
pauta a Companhia Siderúrgica
de Pecém (CE) e a Aços Laminados do Pará, ambas com início das operações previsto para
2013. Em nenhum dos casos há
parceiros confirmados.
Outra iniciativa na área foi a
CSA (Companhia Siderúrgica
do Atlântico), em parceria com
a alemã ThyssenKrupp, no Rio,
que vai operar em 2010.
O interesse da Vale na área de
siderurgia faz parte da estratégia da empresa de garantir a
venda de seu minério de ferro
para os projetos de que é sócia.
A companhia sempre sinalizava, no entanto, que seu papel
nesse processo era de indutora
dos investimentos, participando de forma minoritária neles.
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