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CAMINHONEIROS
Categoria articula nova paralisação para este final de semana; ministro acha "inexplicável"
Nova greve romperá acordo, diz Padilha
da Sucursal de Brasília
O ministro Eliseu Padilha
(Transportes) disse ontem, em
cadeia nacional de rádio e televisão, que uma eventual nova greve
nacional dos caminhoneiros irá
romper o acordo que vigora entre
o governo e a categoria.
Padilha disse que a nova paralisação, que vem sendo articulada
por setores da categoria, "representará a ruptura das negociações
que têm se desenvolvido nas últimas semanas".
A primeira greve ocorreu no final do mês passado e durou quatro dias, o que provocou transtornos nas estradas brasileiras e o desabastecimento de alimentos e
mercadorias nas cidades da região Sudeste.
Surpresa
O ministro considerou "inesperada e inexplicável" a nova paralisação, que está sendo articulada
pela União Nacional dos Caminhoneiros (presidida por José
Araújo Silva) e pelo Sindicato da
União Brasileira dos Caminhoneiros (comandado por José Natan Emídio Neto).
Como exemplos do acordo em
vigor, Padilha citou o projeto de
lei enviado pelo governo para o
Congresso, que aumenta em 50%
o limite de infrações que determina a cassação da carteira de habilitação dos caminhoneiros.
O projeto de lei também isenta
pontos anotados por causa de excesso de peso ou por pequenos
defeitos mecânicos.
Padilha disse ainda que poderão
ser desfeitos os grupos de trabalho que estão discutindo a pauta
de reivindicação dos caminhoneiros e a adoção de medidas de segurança nas estradas. "Os caminhoneiros que realmente querem
conquistas para a categoria não
permitirão tal desatino (uma nova greve)", afirmou o ministro.
Panfletos
Duas entidades que representam caminhoneiros anunciaram
o começo de uma nova greve da
categoria a partir de amanhã.
A União Nacional dos Caminhoneiros e o Sindicato da União
Brasileira dos Caminhoneiros,
ambas sediadas em São Paulo,
distribuíram milhares de folhetos
durante a semana convocando os
caminhoneiros para a paralisação.
As duas organizações não contam com o apoio do Movimento
União Brasil Caminhoneiro, de
Nélio Botelho, responsável pela
greve que praticamente parou o
país em julho.
"É a tal história. Depois da onça
morta, aparecem vários caçadores. São oportunistas que querem
confundir os caminhoneiros",
afirmou Botelho, ontem, à Agência Folha.
Reclamação
José Natan Emídio Neto, presidente do Sindicato da União Brasileira dos Caminhoneiros, disse
que o movimento comandado
por Botelho ainda não trouxe benefício algum para o caminhoneiro e, por isso, haveria necessidade
de nova greve.
"A orientação que estamos passando para os caminhoneiros no
Brasil inteiro é que fiquem em casa a partir deste final de semana",
afirmou Natan.
As reivindicações das duas entidades que estão convocando a
greve incluem, entre outros itens,
a isenção de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) e IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) para a
renovação da frota, reajuste de
65% nos valores dos fretes, anistia
de multas e mudança do Código
Nacional de Trânsito para permitir aumento da velocidade para os
caminhões.
A possibilidade de uma nova
greve já está trazendo problemas
para algumas empresas.
A Multigrain Serviços, por
exemplo, empresa paulista de logística, estava com dificuldade
ontem em conseguir caminhões
para o transporte de trigo do Paraná para moinhos no Centro-Oeste.
"As transportadoras disseram
que muitos caminhoneiros estão
com receio de saírem para a estrada e ficarem presos. Eles preferem
esperar em casa para ver se haverá
ou não bloqueio nas estradas",
afirmou Carlos Herrmann, diretor da empresa.
Colaborou Marcelo Teixeira, da Agência Folha
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