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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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OUTRO LADO

Administrações e bancos negam irregularidade em empréstimos

DA REPORTAGEM LOCAL

O discurso das prefeituras citadas e do Estado de Mato Grosso do Sul é o mesmo: fazem essas operações porque estão com a corda no pescoço e precisam de dinheiro para pagar os salários.
Alegam que não estariam descumprindo a lei porque não se endividam diretamente com os bancos. Outro argumento muito usado é que, se a operação fosse irregular, os bancos não a fariam.
"O Estado não é titular das operações. Quem pega o empréstimo é o funcionário. (....) Acho que não há irregularidade na operação, caso contrário o Banco do Brasil, que é o banco oficial, não a faria", diz Redel Furtado, auditor-geral de Mato Grosso do Sul, governado por Zeca do PT.
Os bancos alegam mais ou menos o oposto: não têm notícia de que as operações são formas simuladas para os governos contraírem empréstimos.
"Contratamos uma operação de crédito com o empregado do Estado, ele assina o contrato, ele tem o limite. Quem está pagando o empréstimo é ele", diz Fernando Barbosa, diretor de varejo do Banco do Brasil.
A instituição pública e o ABN Amro -que, procurado pela Folha, não quis dar entrevista- fizeram convênio com o governo de Mato Grosso do Sul em 2002.
"Se eu soubesse que o Estado estaria pagando, provavelmente esse empréstimo não seria feito, porque eu teria de debitar na conta do Estado, o que não posso fazer", afirma Barbosa.
Oswaldo Marcolino Alves Filho, diretor do Besc, diz o mesmo: "Não vejo nada de anormal no convênio que firmamos com Itapema e Laguna. O empréstimo não foi para as prefeituras, foi para os funcionários".
Atualmente, o Besc processa as prefeituras dos dois municípios por causa da suspensão dos pagamentos dos convênios.
Procurado pela Folha, o Bradesco -que, com o BB, concedeu empréstimos aos funcionários públicos municipais de Cuiabá em 2002- não quis conceder entrevistas. Por meio de sua assessoria, informou apenas que "realiza contrato direto com os funcionários, ou seja, seu relacionamento se estabelece com a pessoa física. O banco desconhece a participação de terceiros na liquidação financeira dos contratos realizados com a pessoa física beneficiária".
O problema é que os próprios municípios -com exceção da gestão anterior de Laguna- e Mato Grosso do Sul não fazem segredos a respeito do objetivo dos empréstimos: pagamento de salários atrasados.
Além disso, segundo a Folha apurou, nesses casos os bancos sempre fazem uma análise das contas dos governos que tentam provar que o valor das prestações cabe em seu orçamento mensal.

Ponta Grossa
No caso de Ponta Grossa, o secretário das Finanças, Michel Jorge Samaha, disse à Agência Folha que o atraso no pagamento dos créditos aos bancos foi involuntário, provocado por equívoco no repasse de verbas federais do Banco do Brasil à cidade. Segundo ele, o problema foi sanado na semana passada. (EF e MT)

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