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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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OUTRO LADO

Simpi alega que entidades estão "dentro da lei"

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Simpi, Joseph Couri, diz que as comissões de conciliação prévia criadas pela entidade em parceria com os sindicatos de trabalhadores são feitas "absolutamente dentro da lei".
Segundo ele, o núcleo de conciliação formado entre o Simpi e o Sindicato dos Condutores em Transportes Rodoviários de Cargas Próprias de São Paulo, sob investigação dos ministérios públicos Federal e do Trabalho, não funciona mais com o know-how da entidade que preside.
O contrato foi rompido por decisão do Simpi, diz, ao constatar que os procedimentos estabelecidos não foram cumpridos pelo sindicato dos trabalhadores.
Esse núcleo, segundo a investigação dos ministérios, fez de forma irregular a rescisão de contrato de um grupo de trabalhadores demitidos pelos hotéis Maksoud Plaza e Eldorado. "Fomos consultados para saber se poderíamos fazer [a conciliação], porque era um número grande [de demitidos], entre 400 e 500 funcionários, mas não aceitamos", diz Couri.
Segundo o presidente do Simpi, um manual com procedimentos por escrito foi enviado para cerca de 70 núcleos para proibir a conciliação que não envolva pequenas e microempresas industriais. "Se tiver algo errado, que provem. Caso contrário, que lavem a boca para falar do Simpi. Estou cansado de ter de provar que não sou bandido, que não roubei e que não vou roubar. Quem não tiver provas do que está falando vai ser processado criminalmente", diz.
Na versão do tesoureiro do sindicato dos motoristas de cargas próprias, Heleno Fernandes de Lima, e do presidente, Almir Macedo Pereira, o advogado do Simpi Manoel Rodrigues determinou que as conciliações dos hoteleiros fossem feitas na comissão, caso os demitidos estivessem acompanhados por um advogado.
A força-tarefa apontou que o advogado dos trabalhadores [Gilberto Arruda Mendes] era sempre o mesmo. Ao ser questionado em depoimento sobre as rescisões feitas no sindicato de cargas próprias, o advogado afirmou não saber que era proibido pagar a multa de 40% do FGTS diretamente aos trabalhadores, em acordos feitos no núcleo.
A Folha procurou o advogado em seu escritório, mas ele está afastado por motivo de doença.
O caso chegou ao Ministério Público do Trabalho após o sindicato dos hoteleiros reclamar que empregados de sua base estavam fazendo conciliações no sindicato de motoristas de cargas próprias.
Em entrevista à Folha no final de agosto, Henri Maksoud, dono do Maksoud Plaza, disse que todas as pessoas demitidas do hotel receberam o que tinham direito.
Sobre as rescisões feitas no sindicato dos motoristas de cargas próprias, Maksoud disse que "as demissões foram quitadas. Só que existem disputas. Um sindicato queria fazer a conciliação, que acabou sendo feita por outro. Isso é disputa de cachorro grande".
Maurício de Campos Veiga, advogado do hotel Eldorado, também sob investigação, informa que o hotel já se comprometeu a só fazer acordos na CCP do sindicato dos hoteleiros. (CR e FF)

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