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LUÍS NASSIF
A vez do governador
O governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin,
não pode mais fingir que a greve do Judiciário nada tem a ver
com ele. E o fim da greve dos
funcionários não liquida com a
fatura. Não existe possibilidade de posição neutra nessa história. O governador é responsável pelo bem-estar de seus
eleitores e pela qualidade dos
serviços que o Estado financia
-inclusive o do Judiciário.
O quadro atual apresenta
uma oportunidade única para
um estadista e pode ser a prova
de fogo para mostrar qual o fôlego de Alckmin para vôos
mais altos. Aliás, seria importante que essa questão não fosse tratada de forma eleitoreira
pelo PT, porque o governo Lula
também fracassou com a Secretaria de Reforma do Judiciário.
O ponto central desse movimento, a grande possibilidade
que abre de mudança no Judiciário paulista, é que não se
trata de uma greve por salários: é uma greve por gestão.
O Poder Judiciário tem duas
áreas distintas. A área fim são
os serviços jurisdicionais, o julgamento de processos, tarefa
indisputável dos juízes. A segunda, a área meio, a estrutura administrativa, de apoio. O
juiz é um cliente dos serviços
administrativos da Justiça e
tem o direito de exigir os melhores serviços que a administração puder executar.
Quando o próprio juiz administra o Tribunal, cria-se um
insanável vício de origem. O
juiz passa a ser o gestor e o demandante de serviços administrativos. Não é a sua praia e
não tem de quem cobrar. Daí a
importância de uma reforma
que separe as duas instâncias,
permitindo a profissionalização da administração e a cobrança por resultados.
Hoje em dia, no TJ não existe
política de pessoal, planos de
cargos e salários ou uma política de treinamento. Quando
novos funcionários assumem,
não existe sequer um manual
de procedimentos definindo e
ensinando qual a sua tarefa.
São obrigados a aprender com
colegas de boa vontade. Os cargos de chefia são de confiança,
impedindo a meritocracia.
Não existe sequer prevenção de
doenças do trabalho. Os principais prejudicados por esse caos
são os consumidores de serviços jurisdicionais, mas também os próprios juízes e funcionários.
Existem juízes e desembargadores de boa vontade, existe
um funcionalista sedento de
gestão, existe qualidade jurisdicional e existem experiências
bem-sucedidas, embora isoladas, de modernização de gestão no próprio Estado. O momento é adequado para a pacificação do Poder Judiciário entre si e com a opinião pública
por meio de um pacto de qualidade.
É desafio para estadista, que
saiba negociar com o Judiciário, sem ameaçar sua autonomia e que não tenha medo de
entrar em bola dividida.
Terceirização do MP
O procurador Luiz Francisco
é do bem, embora freqüentemente faça mal, indiscriminadamente, a inocentes e a culpados. A revelação -pela revista
"Exame"- de que o procurador recorre reiteradamente a
trabalhos de terceiros em suas
petições não pode passar em
branco. Sob pena de desmoralizar não apenas o poder como
também eventuais boas causas
que possa estar defendendo.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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