São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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RECEITA ORTODOXA

Dirigente do Banco Central descarta mudança na política do Copom, mesmo após elevação do superávit primário

Aperto fiscal não influencia o BC, diz Meirelles

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, defendeu ontem a atuação do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) -que elevou os juros básicos de 16% para 16,25% há duas semanas. Meirelles também afirmou que o aumento na meta de superávit primário não interferirá nas decisões de política monetária.
Em evento de posse da nova diretoria ABBC (Associação Brasileira de Bancos), Meirelles disse que a política fiscal "não é substitutiva da outra [a política monetária]". "São ambas da maior importância. Porém, com atuação, com mecanismo de transmissão e com defasagens diferentes."
A decisão do governo de elevar a meta de superávit primário (economia de receitas para pagamento de juros) de 4,25% do PIB para 4,5% foi interpretada por parte do mercado financeiro como uma forma de diminuir a necessidade de aumentar os juros básicos nos próximos meses.
"Um dos motivos para a recessão de um país advém de uma demora em o BC reagir a uma pressão inflacionária. Isso faz com que, em um momento posterior, tenha de pisar no breque de forma brusca, gerando recessão", disse Meirelles, defendendo a última decisão do Copom.
"Não se pode trabalhar com uma mistura de instrumentos", afirmou, insistindo em que cada uma das políticas -fiscal e monetária- tem um papel específico. No âmbito da política fiscal, a principal decisão foi a elevação do superávit primário. No da monetária, o aumento dos juros.
Para o comandante do BC, a decisão do Copom não inviabiliza os investimentos. Ele mandou um recado aos empresários:
"O Brasil está crescendo a taxas fortes neste ano e crescerá em 2005. Portanto, os empresários que querem manter a fatia de mercado, que querem manter a porção da sua empresa, têm que investir, porque o Brasil vai crescer, a demanda está crescendo."
Em seu discurso de posse, o novo presidente da ABBC, João Rabêllo, destacou a importância dos bancos no atual processo de retomada econômica. "Somos [os bancos] integrantes do sistema produtivo do país, aliados e atores na construção nacional, e estamos prontos a participar do financiamento do novo ciclo de desenvolvimento do Brasil", disse Rabêllo.


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