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Reservas baixas podem impedir saída do Fundo
NEY HAYASHI DA CRUZ
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A baixa quantidade de dólares
que o governo brasileiro tem em
seu caixa faz com que a equipe
econômica não descarte a possibilidade de renovação do atual
acordo do país com o FMI (Fundo
Monetário Internacional).
O programa do FMI com o Brasil teve início em 1998, foi renovado em 2002 e se encerraria no final deste ano. Segundo a Folha
apurou, a continuidade do acordo
não é desejada pelo governo, mas
a vulnerabilidade da economia a
eventuais choques externos tem
adiado a decisão final.
A questão será discutida nesta
semana, quando representantes
do governo -entre eles o ministro da Fazenda, Antonio Palocci
Filho, e o presidente do BC, Henrique Meirelles- chegam a Washington para a reunião anual do
FMI e do Banco Mundial.
A preocupação está nas reservas
internacionais do Brasil, hoje em
cerca de US$ 22 bilhões -já excluído o dinheiro emprestado pelo FMI. O valor é visto por alguns
analistas como insuficiente. É das
reservas que saem os recursos
usados pelo governo nos seus pagamentos da dívida externa, que,
no ano que vem, devem somar
US$ 11,092 bilhões. Também é de
lá que saem os dólares que o BC
vende no mercado quando o real
apresenta fortes desvalorizações.
Numa tentativa de reverter esse
quadro, o governo iniciou, em
agosto do ano passado, um programa para recompor as reservas
em moeda estrangeira.
Desde então, Tesouro Nacional
e Banco Central compraram, juntos, cerca de US$ 14,6 bilhões no
mercado de câmbio.
Em fevereiro passado, porém,
as intervenções foram suspensas,
devido à alta do dólar que, na ocasião, ocorria por causa das especulações dos investidores em torno do futuro das taxas de juros
norte-americanas -que projetava impacto no fluxo de recursos
para os países emergentes.
A partir de abril, quando as turbulências no mercado se reduziram, as compras de dólares não
foram retomadas devido ao comportamento da inflação no Brasil.
Para o BC, comprar dólares num
momento em que a alta dos preços começava a colocar em risco o
cumprimento das metas do governo não seria aconselhável,
pois, quanto mais o real se valorizasse, mais o controle da inflação
seria favorecido.
Ao final de 2005, caso o governo
não retome as compras de dólares, as reservas internacionais cairão para US$ 18,291 bilhões, segundo projeção do BC. Para parte
da equipe econômica, o valor é
baixo para o país enfrentar, sem o
suporte financeiro do FMI, ameaças externas como a alta do petróleo, o aumento nos juros norte-americanos e a desaceleração da
economia da China.
Assim, nesta semana, o Brasil
voltará a defender na reunião do
FMI a criação de uma modalidade
de crédito a ser oferecida a países
em dificuldades financeiras. Essa
nova ajuda seria dada a países
que, mesmo ao seguir políticas
econômicas aprovadas pelo Fundo, enfrentem problemas.
A novidade seria permitir que o
socorro não fosse condicionado
ao cumprimento de metas, como
acontece hoje com o Brasil.
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