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Governo reduz TJLP a seu menor patamar
Juros de longo prazo para o setor produtivo cai de 7,5% para 6,85% anuais, o menor índice desde sua criação, em 94
Redução era reivindicada pela indústria; CMN muda também definição de juros para o financiamento habitacional
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Às vésperas da eleição, o governo Lula reduziu de 7,5% para 6,85% anuais a TJLP (Taxa
de Juros de Longo Prazo), usada nos financiamentos ao setor
produtivo. Além disso, definiu
que financiamentos habitacionais com prestações fixas, criados pelo pacote habitacional divulgado no começo do mês, terão os juros definidos com base
na média de 90 dias da TR (Taxa Referencial, que remunera
as cadernetas de poupança).
Á noite, em entrevista à TV
Record, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já citou a redução da TJLP como uma das medidas positivas do governo.
As duas medidas, anunciadas
pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, foram aprovadas
ontem pelo CMN (Conselho
Monetário Nacional). Se o contrato para a compra da casa
própria fosse assinado ontem, o
mutuário pagaria juros anuais
de 14,2%, sendo 12% de juros e
2,2% relativos à média da TR.
A redução da TJLP pretende
estimular os investimentos,
disse Mantega. Ela é usada para
corrigir os financiamentos do
BNDES. Neste ano, os desembolsos do banco estão 4% abaixo do registrado em 2005, o que
mostra menor apetite das empresas para investir.
A redução da TJLP, que agora é a menor desde 1994, quando foi criada, é uma das bandeiras de Guido Mantega. Quando
presidiu o BNDES, ele defendia
uma TJLP de 7% ao ano. Na
época, a taxa estava acima de
8% ao ano. A redução atende
reivindicação da indústria e, ao
estimular o setor produtivo,
pode trazer dividendos políticos para o governo.
Para Mantega, foi a redução
do risco-país que permitiu a revisão da taxa. Em tese, a redução no custo dos investimentos
pode ajudar a reaquecer a economia e melhorar o desempenho do PIB, que registrou um
crescimento abaixo do esperado no segundo trimestre.
Habitação
A taxa de juros que será usada nos empréstimos habitacionais prefixados vai mudar mensalmente, mas não terá nenhum efeito sobre contratos já
assinados nessa nova modalidade de financiamento. O sistema funcionará da seguinte forma: no último dia útil do mês o
BC divulgará a média da TR dos
três meses anteriores e a soma
dela aos juros de 12%.
Com isso, o BC vai fixar a taxa
de juros que valerá no mês seguinte para os contratos que forem assinados nesse período. O
processo se repetirá mensalmente, mas o mutuário que já
tiver assinado o contrato com
os juros prefixados do mês anterior continuará pagando a
mesma taxa até o fim do financiamento, sem variação.
"A grande vantagem é que a
instituição financeira poderá
dar financiamentos habitacionais com prestações fixas, algo
apreciado pelos tomadores de
empréstimos. O brasileiro gosta de saber o valor da prestação
que vai pagar", disse Mantega.
O presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e
Poupança), Décio Tenerello,
acredita que, com a definição
da TR prefixada, o mercado
passará a oferecer esse tipo de
contrato aos mutuários. "Sempre houve demanda por crédito
habitacional prefixado. A metodologia definida pelo governo é simples e transparente e
deve ajudar o mercado."
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