São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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Preocupação com a cena política esfria e Bolsa sobe

Na semana, Bovespa está com valorização de 3,76%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece que o ruído político, que tanto incomodou o mercado doméstico na semana passada, passou a segundo plano. A Bovespa já subiu 3,76% nesta semana. No pregão de ontem, a alta da Bolsa foi de 0,80%.
A recuperação do mercado norte-americano, que recebeu ânimo novo nos últimos dias devido a favoráveis dados referentes à economia do país, foi fundamental para fazer a Bolsa respirar por aqui.
O mercado de câmbio também entrou em rota de recuperação: depois de bater em R$ 2,21 na sexta, o dólar terminou as operações de ontem vendido a R$ 2,187, em baixa de 0,27%.
A melhora do mercado acabou por atrair exportadores, que ampliaram a venda de moeda estrangeira. Tanto que o fato de o BC ter voltado a comprar dólares das instituições financeiras não foi suficiente para frear a apreciação do real. Na semana, o real já subiu 1,11% diante do dólar.
Com a recuperação dos últimos dias, o Ibovespa -índice que agrupa as 56 ações mais negociadas da Bolsa- quase zerou as perdas no mês, que estão agora em apenas 0,35%.
A valorização de ações de empresas que tem forte peso no Ibovespa foi fundamental para a melhora do mercado doméstico.
No pregão de ontem, a ação preferencial "A" da Vale do Rio Doce teve valorização de 3,01%, seguida por Petrobras ON (alta de 2,99%) e PN (+2,32%). Esses três papéis representaram mais de 25% das operações realizadas na Bolsa ontem.
O mercado acionário dos Estados Unidos se empolgou ontem com números que mostraram elevação acima do esperado nas vendas de casas novas no país. Os dados abafaram os temores de que a maior economia do mundo estava entrando em um processo de desaquecimento indesejado.
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones alcançou nível recorde, ao fechar com ganhos de 0,17%. A Nasdaq -Bolsa eletrônica onde são negociadas ações de companhias de alta tecnologia- subiu 0,09%.
Se o petróleo não tivesse começado a subir nas operações realizadas na tarde de ontem, o mercado poderia ter tido um resultado mais favorável.
Apesar de ter esfriado um pouco nas discussões do mercado, o cenário político ainda incomoda e deve voltar ao centro dos debates com a proximidade das eleições presidenciais (que acontecem no próximo domingo). Se não houver um clima muito positivo no exterior, especialmente nos EUA, o mercado doméstico pode perder ritmo hoje.
As tensões em torno do cenário político-eleitoral minaram as chances de a Bovespa recuperar o capital externo que tem perdido desde maio. Neste mês, até o dia 25, o saldo do negócios feitos pelos estrangeiros na Bolsa estava negativo em R$ 87,71 milhões.
A decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) de liberar aplicações de pessoas física e jurídica em mercados de capitais no exterior não chegou a ter impacto no mercado.
Luiz Roberto Monteiro, assessor para investimentos da corretora Souza Barros, diz que a medida não deve afetar o mercado doméstico. "Na prática, não entendo que mude muita coisa", afirma. A medida anunciada seria mais uma tentativa do governo de tentar conter a apreciação do real.
Outra decisão do CMN, a redução da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) para 6,85%, repercutiu moderadamente no mercado de juros. Na BM&F, o contrato DI que vence daqui a um ano fechou com taxa de 13,59%, contra 13,61% anuais do pregão anterior.


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