Novo cálculo deve resultar em produção 10% maior neste ano e ajudar o país a não desrespeitar meta de déficit da UE

Para analistas, Grécia tem mercado negro grande; governo conservador espera baixar déficit para menos de 3% do PIB já neste ano

DA REDAÇÃO

A prostituição e o contrabando vão dar impulso ao PIB (Produto Interno Bruto) da Grécia, já que essas atividades vão começar a ser contabilizadas no cálculo oficial.
"O PIB vai incluir algum dinheiro de atividades ilegais, como dinheiro do contrabando de cigarros e bebidas, prostituição e lavagem de dinheiro", disse Manolis Kontopyrakis, chefe do Serviço Nacional de Estatísticas da Grécia.
O país vai revisar os cálculos oficiais para incluir parte maior do enorme mercado negro, o que deve aumentar o PIB em 10% em 2006. Isso porque os cálculos do PIB já estimam, em parte, a renda gerada com atividades informais ou ilegais.
Na terça-feira, o Serviço Nacional de Estatísticas havia dito que faria uma revisão periódica do cálculo do PIB. Regras da UE dizem que a revisão deve ser feita a cada cinco anos.
O PIB grego foi de US$ 180 bilhões em 2005 e deve chegar a cerca de US$ 194 bilhões neste ano. O mercado negro é estimado em US$ 40 bilhões a US$ 60 bilhões anuais.

Regras da UE
O ministro de Finanças da Grécia, Giorgos Alogoskoufis, disse ontem que a revisão das contas nacionais deve ajudar o país a reduzir seu déficit fiscal para abaixo do limite imposto pela União Européia. O governo conservador do país tem tido dificuldade para alcançar a meta de déficit de 3% do PIB -hoje, o déficit está em 4,5%.
De acordo com os cálculos do governo, o déficit deve cair a 2,6% do PIB neste ano e ficar em 2,7% em 2007.
A revisão do PIB deve ajudar a Grécia a não violar as regras da UE sobre o déficit, disse Platon Monokroussos, economista do EFG Eurobank. "Acho que essa notícia é boa, no geral, e vai ajudar a aliviar o processo de se ajustar à regra excessiva da UE sobre o déficit."
Já Michael Massourakis, economista do Alpha Bank, disse que "a Grécia tem um enorme mercado negro. Então suponho que essa revisão vai refletir de modo mais exato a real produção da Grécia em comparação com outros países da União Européia".