São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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FGV eleva projeção do IGP-M para 5% no ano

Neste mês, índice de inflação chegou a 1,29%, o maior desde julho de 2004

Projeção anual anterior era de 4%; em 12 meses, alta dos preços já alcança 5,67% e produtos agropecuários seguem como "vilões"

DEISE DE OLIVEIRA
DA FOLHA ONLINE

A FGV (Fundação Getulio Vargas) elevou a previsão do IGP-M (Índice Geral de Preços -Mercado) para o ano em 1 ponto percentual. A entidade estima que o índice, usado como referência para reajuste de aluguéis, energia elétrica e outros contratos privados de serviços, feche o ano em torno de 5%.
Com a perspectiva, o coordenador de análise econômica da FGV, Salomão Quadros, já cogita a possibilidade de retomada da pressão de preços de itens administráveis, como serviços e tarifas, na inflação em 2008. Em 12 meses, o IGP-M acumula alta de 5,67%. Segundo Quadros, o patamar alcançado até setembro impede que a taxa no ano fique nos 4% projetados em julho.
No boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira, os analistas de mercado ajustaram para cima a previsão para o IGP-M, de 4,85% para 4,96% neste ano. "Até o fim do primeiro semestre, dava a entender que o IGP-M ficaria abaixo da estimativa de 4%, que foi mantida até julho. Com a taxa de 5,67% no ano, essa previsão é impossível. É possível que fique em 5% ou um pouco abaixo", avaliou Quadros. Segundo ele, há espaço para uma leve desaceleração da taxa anual até dezembro, com a exclusão da série de 12 meses do choque agrícola do final do ano passado.
Ontem, a FGV divulgou o resultado do IGP-M para setembro, com alta de 1,29%, ante 0,98% em agosto. O desempenho neste mês foi o maior desde julho de 2004, quando o avanço foi de 1,31%. "Entre 2004 e agora, há elementos parecidos, mas não com a mesma intensidade e alcance setorial, que é muito menor hoje. Agora, há pressão dos produtos agropecuários, ao contrário de 2004, quando atingiu também a siderurgia", explicou.
Os produtos agrícolas puxaram a expansão do IGP-M neste mês. Os preços das matérias-primas brutas -componente do IPA (Índice de Preços por Atacado)- foram os que mais subiram, com alta de 5,85% neste mês, ante 4,26% em agosto. A soja em grão saltou de 3,50% para 11,89% e o milho, de 6,34% para 17,17%. No conjunto do IPA, a inflação foi de 1,83%, contra 1,31% em agosto.
O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), por sua vez, subiu 0,39% em setembro, acima dos 0,35% de agosto.
O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) desacelerou para 0,21% neste mês, ante 0,39% no mês anterior. Os destaques ficaram por conta do grupo alimentação, que despencou de 1,24% para 0,11%, e de laticínios, com recuo de 6,95% para 1,44% -vilões no mês passado.
Para outubro, Quadros prevê inflação para o IGP-M inferior aos 1,29% deste mês. "Se vai ficar abaixo do 0,98% de agosto, não se sabe, mas é possível", avaliou. O pão francês deve ser o principal produto com repasse de preço ao consumidor no próximo mês, dado o avanço da farinha e do trigo no atacado, revertendo parcialmente a desaceleração em alimentos verificada em setembro.


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