São Paulo, segunda-feira, 28 de setembro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Construção civil e varejo mantêm expansão do emprego em agosto

A construção civil abriu 45 mil vagas em todo o país em agosto, o melhor saldo mensal de emprego no setor desde dezembro de 2000. Com esse resultado, a construção civil atingiu 2,26 milhões de vagas formais em agosto, com aumentos de 2% sobre julho e de 8,44% no acumulado do ano, segundo dados do SindusCon-SP.
O resultado surpreendeu o setor. "Esperávamos recuo no emprego no segundo semestre pela redução de lançamentos imobiliários no início do ano. Agora estamos otimistas", diz Sergio Watanabe, presidente do SindusCon-SP.
Ele atribui o saldo recorde de emprego em agosto ao fortalecimento de todos os segmentos da construção civil. O setor imobiliário está mais aquecido por conta dos incentivos do programa Minha Casa, Minha Vida e pela retomada da confiança dos consumidores, diz.
O segmento de obras públicas também se aqueceu com a necessidade de os governos estaduais consumirem seus orçamentos antes das eleições de 2010. Já as empresas começaram a retomar projetos de expansão que foram adiados devido à crise, afirma Watanabe.
"Os investimentos estão voltando. E a perspectiva de retração no setor não vai se consolidar. Vamos crescer neste ano."
O comércio paulistano segue a mesma tendência de alta, com a admissão de 37.773 pessoas em agosto, que resultou em 849.640 empregos no mês.
"É um bom presságio para o Natal, que é o momento mais importante para o varejo no ano", diz Fábio Pina, economista da Fecomercio-SP.
Entre os setores que abriram mais vagas no mês estão vestuário, tecidos e calçados (5,7%), farmácias e perfumarias (4,7%), supermercados e material de construção (4,5%).

BAGUNÇA FINANCEIRA
A consultoria Corporate Finance, especializada em fusões e aquisições, encontrou um entrave para fechar compras de empresas brasileiras por fundos de private equity do exterior. Os estrangeiros resistem em aceitar passivos trabalhistas e fiscais, segundo o presidente da Corporate, Luis Alberto de Paiva. "Os fundos se assustam com caixa dois nas contas das empresas e se confundem para avaliar mecanismos como precatórios e crédito-prêmio do IPI. Por isso, muitos desistem das compras." A Corporate representa atualmente oito fundos internacionais, que somam US$ 250 milhões para investir em 20 aquisições no Brasil.

PRÉ-AQUECIDA
A Combustol, fabricante de fornos industriais, acaba de abrir uma unidade fabril em Contagem (MG), para atender indústrias siderúrgicas, petroquímicas e metalúrgicas em Minas Gerais. A queda na demanda provocada pela crise fez com que a empresa dilatasse o investimento por oito meses, deixando uma segunda etapa para 2010. "Queremos estar bem posicionados quando a indústria estiver recuperada da crise", afirma Thales Lobo Peçanha, presidente do Grupo Combustol & Metalpó. A Combustol sentiu queda de até 30% na demanda por conta da crise. A empresa já está se recuperando, mas ainda opera com um volume cerca de 10% abaixo do registrado no ano passado.

Nova regra para fundos não muda no curto prazo

"A nova regra para os fundos de pensão não muda nada no mercado no curto prazo", diz Jorge Simino, diretor de investimentos da Fundação Cesp.
Na semana passada, o governo permitiu que fundos de pensão corram mais risco, devido à queda de rentabilidade da renda fixa. Ampliou o limite de investimento em renda variável para 70% e permitiu aplicação de até 10% das carteiras no exterior. "Muita gente teve a impressão de que haverá mudanças de um dia para o outro." Mas fundos de pensão têm de ser conservadores.
"Os fundos têm compromisso com o pagamento de aposentadorias. Por definição, movem-se mais lentamente." A alocação máxima permitida em ações já era de 50%. Excluindo-se a gigante Previ, porém, fundos de pensão aplicavam só cerca de 16% nesses ativos.
"A média de aplicação em ações estava abaixo do permitido. Não subirá logo, ainda mais no atual nível de preço das ações."
Quanto aos investimentos no exterior, não deverá ser diferente. "Vai ter que constituir fundo no Brasil [os fundos de pensão só poderão aplicar através de fundos de investimento]. Até ver o que é adequado à relação risco, inclusive de câmbio, e retorno, vai demorar." No México e no Chile, medidas semelhantes levaram mais de cinco anos para ter efeito, diz.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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