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Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br
Construção civil e varejo mantêm expansão do emprego em agosto
A construção civil abriu 45
mil vagas em todo o país em
agosto, o melhor saldo mensal
de emprego no setor desde dezembro de 2000. Com esse resultado, a construção civil atingiu 2,26 milhões de vagas formais em agosto, com aumentos
de 2% sobre julho e de 8,44%
no acumulado do ano, segundo
dados do SindusCon-SP.
O resultado surpreendeu o
setor. "Esperávamos recuo no
emprego no segundo semestre
pela redução de lançamentos
imobiliários no início do ano.
Agora estamos otimistas", diz
Sergio Watanabe, presidente
do SindusCon-SP.
Ele atribui o saldo recorde de
emprego em agosto ao fortalecimento de todos os segmentos
da construção civil. O setor
imobiliário está mais aquecido
por conta dos incentivos do
programa Minha Casa, Minha
Vida e pela retomada da confiança dos consumidores, diz.
O segmento de obras públicas também se aqueceu com a
necessidade de os governos estaduais consumirem seus orçamentos antes das eleições de
2010. Já as empresas começaram a retomar projetos de expansão que foram adiados devido à crise, afirma Watanabe.
"Os investimentos estão voltando. E a perspectiva de retração no setor não vai se consolidar. Vamos crescer neste ano."
O comércio paulistano segue
a mesma tendência de alta, com
a admissão de 37.773 pessoas
em agosto, que resultou em
849.640 empregos no mês.
"É um bom presságio para o
Natal, que é o momento mais
importante para o varejo no
ano", diz Fábio Pina, economista da Fecomercio-SP.
Entre os setores que abriram
mais vagas no mês estão vestuário, tecidos e calçados
(5,7%), farmácias e perfumarias (4,7%), supermercados e
material de construção (4,5%).
BAGUNÇA FINANCEIRA
A consultoria Corporate
Finance, especializada em
fusões e aquisições, encontrou um entrave para
fechar compras de empresas brasileiras por fundos
de private equity do exterior. Os estrangeiros resistem em aceitar passivos trabalhistas e fiscais,
segundo o presidente da
Corporate, Luis Alberto
de Paiva. "Os fundos se
assustam com caixa dois
nas contas das empresas e
se confundem para avaliar mecanismos como
precatórios e crédito-prêmio do IPI. Por isso, muitos desistem das compras." A Corporate representa atualmente oito
fundos internacionais,
que somam US$ 250 milhões para investir em 20
aquisições no Brasil.
PRÉ-AQUECIDA
A Combustol, fabricante de fornos industriais, acaba de
abrir uma unidade fabril em Contagem (MG), para atender
indústrias siderúrgicas, petroquímicas e metalúrgicas em
Minas Gerais. A queda na demanda provocada pela crise fez
com que a empresa dilatasse o investimento por oito meses,
deixando uma segunda etapa para 2010. "Queremos estar
bem posicionados quando a indústria estiver recuperada da
crise", afirma Thales Lobo Peçanha, presidente do Grupo
Combustol & Metalpó. A Combustol sentiu queda de até
30% na demanda por conta da crise. A empresa já está se recuperando, mas ainda opera com um volume cerca de 10%
abaixo do registrado no ano passado.
Nova regra para fundos não muda no curto prazo
"A nova regra para os fundos de pensão não muda nada no mercado no curto prazo", diz Jorge Simino, diretor
de investimentos da Fundação Cesp.
Na semana passada, o governo permitiu que fundos
de pensão corram mais risco,
devido à queda de rentabilidade da renda fixa. Ampliou
o limite de investimento em
renda variável para 70% e
permitiu aplicação de até
10% das carteiras no exterior. "Muita gente teve a impressão de que haverá mudanças de um dia para o outro." Mas fundos de pensão
têm de ser conservadores.
"Os fundos têm compromisso com o pagamento de
aposentadorias. Por definição, movem-se mais lentamente." A alocação máxima
permitida em ações já era de
50%. Excluindo-se a gigante
Previ, porém, fundos de pensão aplicavam só cerca de
16% nesses ativos.
"A média de aplicação em
ações estava abaixo do permitido. Não subirá logo, ainda mais no atual nível de preço das ações."
Quanto aos investimentos
no exterior, não deverá ser
diferente. "Vai ter que constituir fundo no Brasil [os fundos de pensão só poderão
aplicar através de fundos de
investimento]. Até ver o que
é adequado à relação risco,
inclusive de câmbio, e retorno, vai demorar." No México
e no Chile, medidas semelhantes levaram mais de cinco anos para ter efeito, diz.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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