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Até membros do governo foram espionados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em julho de 2004, a Folha
revelou que a agência americana privada de investigação
Kroll havia sido contratada
pela Brasil Telecom, na gestão do Opportunity, de Daniel Dantas, para investigar
as atividades da Telecom
Italia, mas o serviço tinha
extrapolado a espionagem
comercial e havia atingido
também integrantes do governo Lula.
Naquele mesmo ano, a Polícia Federal deflagrou a
Operação Chacal para apurar suposta ação ilegal da
Kroll no país a mando de
Dantas. Na ocasião, a PF realizou buscas e apreensões na
sede do Opportunity, no Rio,
e na residência de Dantas,
entre outros endereços.
Paralelamente ao trabalho
da PF, a Telecom Italia mantinha uma ação clandestina
no país contra os agentes da
Kroll e o Opportunity. Uma
equipe de hackers da TI, batizada de Tiger Team, invadiu computadores de agentes da Kroll e furtou vários
documentos.
Posteriormente, os funcionários da TI selecionaram alguns dos arquivos
subtraídos e montaram, na
Itália, um CD, que foi encaminhado à PF como sendo
de origem anônima.
Não está claro até agora
quem começou primeiro o
trabalho de espionagem, se
foram os agentes da Kroll a
mando do Opportunity ou se
foram os italianos. Os dois
lados fazem a mesma acusação ao outro.
No centro da briga estava a
disputa pelo controle da Brasil Telecom, da qual Opportunity e TI eram sócios.
O Opportunity nega que a
Kroll tenha cometido qualquer irregularidade e diz que
a agência de investigação foi
contratada para coletar evidências de que a TI havia
causado deliberadamente
prejuízos à BrT, por motivos
escusos, na aquisição da
Companhia Riograndense
de Telecomunicações.
Já os italianos afirmam
que simplesmente fizeram
um serviço de contrainteligência, após terem detectado a ação hostil da Kroll contra eles.
Em 2006, o Ministério Público de Milão abriu uma investigação contra ex-executivos e funcionários da TI
por violação de sistemas de
computador e escutas ilegais
contra pessoas na Itália e no
exterior, incluindo o Brasil.
Vários dos ex-dirigentes da
companhia italiana chegaram a ser presos.
O Ministério Público milanês denunciou ao todo 34
pessoas em julho do ano passado, acusando-as de espionagem contra banqueiros,
jornalistas, funcionários públicos e concorrentes da
companhia telefônica.
Três dos principais envolvidos no esquema clandestino -Giuliano Tavaroli, Angelo Jannone e Fabio Ghioni- admitiram em depoimento à Justiça italiana subtração de documentos por
meio de invasão de redes de
computador. Entre os materiais obtidos ilegalmente estavam arquivos da Kroll e do
Opportunity.
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