São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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Investidores procuram obter lucros com a alta dos preços

Dólar eleva a procura por CDBs atrelados à inflação

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois dos fundos de investimentos, a mania de IGP-M chegou aos CDBs (Certificados de Depósito Bancário). Em outubro, a procura por CDBs atrelados a esse índice de inflação explodiu. Segundo dados da Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos), neste mês, até o dia 24, os bancos captaram R$ 484,282 milhões nesse tipo de papel, mais do que o dobro do registrado nos primeiros nove meses do ano (R$ 181,739 milhões).
A procura por esses CDBs, assim como de fundos e títulos do governo indexados ao IGP-M, tem crescido em razão do aumento da variação desse índice nos últimos meses e da perspectiva de que continuará subindo, explica Gabriel Moura, diretor de produtos do Banco1.net. Até setembro, o IGP-M acumulado no ano estava em 10,54%. As previsões são que feche 2002 em 16%.

Alta do dólar
O IGP-M é composto por três índices. O mais importante é o IPA (Índice de Preços por Atacado), que tem um peso de 60%. Metade dos preços pesquisados que entram no IPA são indexados ao dólar. Logo, aproximadamente 30% do IGP-M tem variação igual ao dólar.
Apesar da elevação dos juros pelo Banco Central de 18% para 21% há duas semanas, a previsão é que o IGP-M suba ainda mais porque a alta do dólar dos últimos meses ainda não foi totalmente repassada aos preços. A aposta de analistas é que, mesmo com juros mais altos, algum repasse ainda ocorra. Além disso, algumas previsões apontam para uma inflação maior em 2003.
Na opinião de Marcos Buckton, diretor de captação do Unibanco, antes de comprar um CDB em IGP-M é preciso analisar os prós e contras com cautela.
"Não é um produto recomendado para o pequeno investidor", afirma Buckton.
Diferentemente de outros CDBs, a legislação não permite que os papéis indexados ao IGP-M tenham prazo inferior a um ano. Se o investidor conseguir que, antes dos 365 dias, que o emissor recompre o CDB em IGP-M, receberá, no máximo, o valor do principal, sem nenhuma remuneração. "Só se deve investir nesse papel se tiver a certeza de que não precisará do dinheiro antes de um ano", diz Buckton.
Na opinião de Moura, qualquer aplicação atrelada ao IGP-M, seja em CDB ou em fundo, não deve ter horizonte inferior a 12 meses. O ideal é que não haja data certa de resgate, para não correr o risco de a retirada coincidir com um momento de baixa do índice.
"O IGP-M é sazonal e volátil. Além disso, se a cotação do dólar cair, pode ficar negativo", explica.

Juros em queda
Devido à procura, os juros dos CDBs em IGP-M estão caindo. Segundo Moura, até alguns meses atrás, os papéis de um ano, além da variação desse índice, pagavam juros de 7% a 8% ao ano. Agora, as taxas estão na faixa de 1% a 2% ao ano.
Apesar do aumento da demanda pelo IGP-M, os CDBs indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) seguem como os preferidos dos investidores. Conforme dados da Cetip, só em outubro, até o dia 24, os bancos captaram mais de R$ 11 bilhões com esse tipo de papel.
A vantagem do CDB em CDI é que eles seguem de perto a taxa básica de juro da economia e, em geral, podem ser revendidos ao emissor a qualquer tempo, sem perda de rentabilidade.

Fundos
Novos fundos atrelados ao IGP-M continuam surgindo no mercado financeiro. Na semana passada, foi a vez da Citigroup Asset Management lançar o Citinflation IGP-M. Já oferecem esse tipo de produto o ABN-Amro/Real, Banco do Brasil, Banespa, BankBoston, BBA, Caixa Econômica Federal, HSBC, JP Morgan e WestLB Banco Europeu.


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