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IMPOSTOS
Empresas não estão recebendo devolução de 9,25% do PIS/Cofins; fisco alega problemas técnicos no sistema eletrônico
Receita retém crédito para exportadoras
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A Receita Federal não está pagando os créditos devidos às empresas exportadoras para o ressarcimento do PIS/Cofins, conforme estava previsto ao ter mudado as regras das contribuições
em janeiro de 2003 e em fevereiro
deste ano. Os setores mais atingidos são o de calçados e o de autopeças, e o volume retido passa de
R$ 100 milhões.
O secretário da Receita, Jorge
Rachid, confirma o débito e alega
problemas técnicos. Segundo ele,
o sistema eletrônico que está sendo montado para poder ressarcir
os exportadores ainda não ficou
pronto e seria uma das razões para o atraso. A previsão é que só no
ano que vem ele esteja concluído.
Em janeiro de 2003 e em fevereiro deste ano, ao instituir o fim da
cumulatividade do PIS e da Cofins e aumentar as alíquotas das
contribuições de 0,65% para
1,65% e de 3% para 7,6%, respectivamente, a Receita anunciou
que as empresas exportadoras estariam isentas dos tributos na
compra de matérias-primas ou
seriam ressarcidas pelo governo.
Na prática, não está acontecendo
nem uma coisa nem outra.
O presidente da Abicalçados
(Associação Brasileira da Indústria de Calçados), Elcio Jacometti,
calcula que o crédito do setor com
a Receita já supere, neste ano, R$
100 milhões. Em levantamento
com 27 empresas calçadistas feito
pela Abicalçados e enviado a Rachid, o crédito devido até o primeiro trimestre deste ano somava
R$ 87,5 milhões.
O grande problema, segundo
Jacometti, é que esse dinheiro
compromete o capital de giro das
empresas. De acordo com ele, o
lucro obtido pelas empresas na
exportação está sendo todo consumido por esse crédito retido na
Receita. "Para ficarmos mais
competitivos, damos desconto
contando com esse crédito."
Outro setor atingido com o não-ressarcimento é o de autopeças. O
presidente do Sindipeças (Sindicato Nacional das Indústrias de
Autopeças), Paulo Butori, encaminhou carta a Rachid na qual informa que as empresas com faturamento acima de R$ 200 milhões
(mais de 60% do setor), e que destinam mais de 30% da produção à
exportação, têm crédito acumulado. A razão é o recolhimento que
se dá por meio da retenção de 3%
das autopeças pelas montadoras.
Na carta, Butori pede o fim desse
recolhimento.
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