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Tesouro muda títulos para tentar alongar dívida pública
Prazo de resgate de papéis prefixados vai acompanhar padrão internacional
Hoje, governo só informa data no momento da emissão; órgão busca
aumentar transparência de operações para investidor
CLÁUDIA DIANNI
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A partir da próxima semana,
a emissão de títulos públicos
prefixados feitas pelo Tesouro
Nacional vai começar a acompanhar o padrão internacional.
Atualmente o governo só informa o prazo de resgate dos papéis quando eles são emitidos.
O objetivo, segundo o Tesouro, é aumentar a transparência
e facilitar as operações de investidores, além de ajudar a
alongar o prazo da dívida pública do governo, que até setembro somava R$ 1,06 trilhão,
com prazo médio de 29 meses.
Ao seguir o padrão internacional, as LTNs (Letras do Tesouro Nacional), títulos que
não pagam juros ao longo do
período de aplicação, passarão
a ter prazos de 6, 12 ou 24 meses. As NTN-Fs (Notas do Tesouro Nacional), que pagam juros durante o período de validade do título, terão prazos de
3, 5 e 10 anos.
O Tesouro Nacional vai começar a mudar os prazos das
LTNs na próxima semana,
quando haverá novo leilão, e as
NTN-Fs no leilão marcado para o dia 31 de novembro. De
acordo com o Tesouro, a mudança será gradual, mas será
concluída em breve.
O coordenador-geral da dívida pública, Ronnie Tavares,
afirmou que até agora o Brasil
emitia títulos com prazos definidos no dia do lançamento dos
papéis porque estava em um
processo gradual de alongamento dos prazos e de conquista de credibilidade. Por isso,
disse, o Brasil não acompanhava o padrão internacional.
"Estamos tentando criar
uma oferta de dívida com estrutura de primeiro mundo",
afirmou. Segundo ele, além de
facilitar as operações e dar previsibilidade aos investidores, o
novo método deve atrair mais
investidores internacionais.
Para Luiz Eduardo Portella,
operador do Banco Modal, a
medida é positiva e deve ajudar
a atrair investidores estrangeiros para o mercado doméstico
de títulos públicos. "Com essa
medida, vamos ter papéis de
prazos mais longos e com mais
liquidez", disse.
Segundo Portella, o mercado
brasileiro ainda não tem o hábito de operar com títulos prefixados de vencimentos mais
longos, devido ao histórico de
crises enfrentadas pela economia nas últimas décadas.
"Um tempo atrás, um ano já
era considerado longo prazo",
afirma. Os investidores estrangeiros, ao contrário, estão mais
habituados com títulos de vencimento mais longo.
O governo quer alongar o
prazo dos papéis e melhorar o
perfil da dívida, reduzindo a
parcela dos títulos que acompanham a taxa básica da economia, a Selic. O objetivo é aumentar a previsibilidade e o
controle das contas públicas.
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