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BNDES prepara nova linha de crédito
Para contornar falta de financiamentos no mercado, banco vai fornecer capital de giro a empresas de diversos setores
Exportadoras como Sadia,
Aracruz e Votorantim, que
tiveram problemas com
câmbio, poderão adiantar
parcelas de financiamento
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Em mais uma tentativa de
contornar a queda na oferta de
crédito pelos bancos privados
às empresas, o governo prepara
agora, por meio do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
uma linha de capital de giro para oferecer a companhias de diversos setores econômicos.
Já as empresas exportadoras
que tiveram prejuízos por fazer
apostas no mercado cambial
poderão receber adiantamentos de parcelas de empréstimos
que já tenham negociado junto
ao BNDES. Essa seria uma maneira de ajudar as companhias
sem, no entanto, parecer que o
governo está oferecendo socorro financeiro.
Segundo a Folha apurou, a
área técnica do BNDES já está
detalhando como os empréstimos por meio dessa nova linha
funcionariam. A oferta de mais
dinheiro público seria a principal contribuição do banco de
fomento para reduzir a falta de
liquidez no mercado e segurar
o crescimento econômico no
ano que vem.
Na semana passada, o presidente Lula disse que não haverá socorro oficial a empresas
quebradas. Ontem foi a vez de o
ministro Guido Mantega (Fazenda) repetir o discurso. Na
sexta, o presidente do BNDES,
Luciano Coutinho, afirmou
que o banco quer ajudar as empresas exportadoras que sofreram perdas com o câmbio.
Coutinho não detalhou como poderiam ser feitas as operações de empréstimo, mas
mencionou que muitas grandes exportadoras contam com
programas de investimento no
BNDES. Ele citou a possibilidade de adiantar recursos para
assegurar a liquidez. Outra hipótese seria a emissão de debêntures (títulos de dívida).
Na prática, porém, qualquer
liberação de dinheiro, por meio
de adiantamento, compra de
debêntures ou mais capital de
giro, funcionará como um socorro, pois recursos poderão
ser usados para quitar os prejuízos no mercado de câmbio,
uma vez que não há dinheiro
"carimbado".
Os empréstimos do BNDES
são normalmente liberados em
etapas, de acordo com o andamento dos projetos. Entre as
grandes exportadoras que
anunciaram prejuízos, Sadia e
Aracruz têm recursos ainda a
receber do banco.
A Aracruz teve um financiamento aprovado no valor de R$
595,9 milhões em 2006. Os recursos eram destinados a aumentar a capacidade de produção da unidade industrial de
Barra do Riacho.
Já a Sadia obteve empréstimo de R$ 462,5 milhões no ano
passado. O montante era destinado à construção de um complexo agroindustrial, em Lucas
do Rio Verde (MT), com dois
frigoríficos. Em 2005, a empresa já havia tido a aprovação de
um outro financiamento do
banco no valor de R$ 974 milhões. A decisão de liberar os
recursos da nova linha de capital de giro dependerá ainda de
uma avaliação mais detalhada
do comportamento do crédito.
Caso não veja melhora na situação ao longo de novembro,
o dinheiro poderá sair ainda
neste ano. A idéia, no entanto, é
oferecer crédito a taxas de
mercado, assim como o banco
fez com a linha de financiamento para pré-embarque no
começo de outubro.
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