São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Montadora já recorre a banco de horas para ajustar produção

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para enfrentar a crise financeira internacional, algumas montadoras já começam a adotar medidas com o sentido de se tornarem mais ágeis quando houver necessidade de corte na produção, como o uso do banco de horas e férias coletivas.
Entre as principais empresas, o consenso é que o ritmo no crescimento das vendas irá sofrer desaceleração até o final deste ano.
Na previsão da Renault, entre outubro e dezembro, o ritmo de licenciamentos pode cair entre 10% e 15% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a montadora, o mercado deve retomar sua trajetória de alta somente na segunda metade de 2009.
"Temos que adaptar nossa produção ao tamanho do mercado. Se houver queda de 15% nas vendas, precisamos produzir 15% menos", disse o presidente da Renault no Brasil, Jerôme Stoll, ontem, para jornalistas no Salão do Automóvel, que será aberto ao público na próxima quinta-feira.
A intenção é proporcionar um ajuste nos estoques. Segundo ele, a Renault já começou a usar banco de horas no Brasil, o que permite à empresa adequar a jornada de trabalho dos funcionários de acordo com a necessidade de produção. Já na Argentina, foi necessário fechar 300 postos de trabalho.
No princípio deste mês, a Fiat e a General Motors já haviam anunciado férias para funcionários da produção.
"O que precisamos agora é ter medidas de flexibilidade e ajustar a relação com os investidores. Mas temos que ter maior clareza da situação para tomarmos decisões", disse o presidente da Peugeot no Brasil, Laurent Taste.
Com o agravamento da crise, a previsão da indústria automotiva de vender 3 milhões de unidades até o final do ano tornou-se mais remota, na avaliação da Nissan. A montadora detectou em outubro uma queda de 2% no número de licenciamentos. A queda no ritmo leva a empresa a revisar a previsão de vendas no mercado para 2,8 milhões de veículos em 2008.
Embora admitam que haverá uma desaceleração nas vendas, Fiat, Ford e GM adotam discurso mais otimista e dizem que a crise não afeta investimentos.
De acordo com o presidente da GM para o Brasil e Mercosul, Jaime Ardila, se o crédito se normalizar dentro de dois ou três meses, como diz esperar, o setor automotivo terá "espaço" para crescer em 2009, ainda que a um ritmo menor.


Texto Anterior: EUA estudam ajudar fusão de GM e Chrysler
Próximo Texto: Foco: Para tentar sair da crise, Chrysler apresenta carro voltado a emergentes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.