|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Petrobras culpa distribuidora por falta de asfalto no NE
Para estatal, empresas deveriam ter retirado produto no Sudeste; setor contesta
Escassez de asfalto afeta ao menos 4 obras em rodovias federais, duas delas do PAC; Petrobras teve de importar produto pela 1ª vez na história
ANNA CAROLINA CARDOSO
ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA
A Petrobras atribuiu ontem a
responsabilidade pela falta de
asfalto na região Nordeste às
distribuidoras do produto.
A escassez do asfalto, cuja
única produtora no país é a Petrobras, fez com que pelo menos quatro obras em rodovias
federais, sendo duas do PAC,
fossem paralisadas ou desaceleradas, segundo superintendentes regionais do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
O diretor de distribuição da
Petrobras, Paulo Roberto Costa, negou ontem que tenha havido falta do produto, apesar de
a demanda por asfalto no Nordeste superar a capacidade de
produção das duas unidades da
empresa na região.
Segundo ele, ainda que a Petrobras tenha importado, pela
primeira vez na história, 7.000
toneladas de asfalto destinadas
ao Nordeste nesta semana, o
remanejamento de parte do
produto das unidades no Sudeste para o Nordeste foi suficiente para atender à demanda
local -diferentemente do que
afirmam distribuidoras, Dnits,
Estados e prefeituras da região,
todos afetados pelo problema.
A importação, de acordo com
Costa, se mostrou economicamente competitiva, já que os
preços do produto estão em
baixa no hemisfério Norte, e
servirá para formar um "estoque" de asfalto para a região.
Além do navio que chega nesta semana ao Ceará, um outro
carregamento, de 9.000 toneladas, é esperado para o final de
novembro. A Petrobras ainda
considera fazer outras importações além dessas.
Para Costa, as distribuidoras
de asfalto não seguiram a
orientação da Petrobras de
buscar o produto nas refinarias
de Betim (MG), Duque de Caxias (RJ) e São José dos Campos (SP). Ele também afirma
que essas empresas não fizeram os pedidos de asfalto com
antecedência de 60 dias, conforme previsto em contrato.
Segundo a Abeda (Associação Brasileira de Empresas
Distribuidoras de Asfalto), buscar o asfalto no Sudeste requer
investimentos logísticos que as
distribuidoras não podem assumir de uma hora para outra.
O presidente da instituição,
Eder Vianna, disse que muitas
empresas tiveram de adquirir
ou alugar novos veículos para
buscar o asfalto na região Sudeste, o que aumentou os custos de distribuição, mesmo
com a redução no preço do produto pela Petrobras.
Para Vianna, o remanejamento, mesmo que dê conta da
demanda, não evita o risco de
desabastecimento, já que o produto demora mais a chegar.
"Quando uma carreta vai carregar em Betim (MG), o tempo
de viagem é de sete dias até
Fortaleza (CE)", afirmou ele.
A Abeda diz ainda que os pedidos de asfalto são feitos com a
antecedência prevista em contrato, mas que sofrem alterações porque, como as empreiteiras não assinam contratos de
fornecimento com as distribuidoras, estas fazem seus pedidos
baseadas no cronograma de
obras da região, mas sem saber
qual será o ritmo de trabalho
das empreiteiras.
Procurada, a Aneor (Associação Nacional das Empresas de
Obras Rodoviárias), que representa as empreiteiras, não
atendeu a reportagem até o fechamento desta edição.
O Dnit nacional, por nota, desautorizou as declarações dos
superintendentes regionais sobre os problemas no andamento das obras. Segundo a nota, os
superintendentes "não estão
acompanhando o caso de perto" e deram informações "equivocadas" à Folha. O Dnit, porém, não desmentiu as informações sobre paralisações e diminuição no ritmo das obras.
Texto Anterior: Tecnologia: Laboratório vai estudar controle à distância de plataforma Próximo Texto: Crédito imobiliário: Habitação popular deixa de receber R$ 6 bilhões do FGTS Índice
|