São Paulo, quarta-feira, 28 de outubro de 2009

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Petrobras culpa distribuidora por falta de asfalto no NE

Para estatal, empresas deveriam ter retirado produto no Sudeste; setor contesta

Escassez de asfalto afeta ao menos 4 obras em rodovias federais, duas delas do PAC; Petrobras teve de importar produto pela 1ª vez na história


ANNA CAROLINA CARDOSO
ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA

A Petrobras atribuiu ontem a responsabilidade pela falta de asfalto na região Nordeste às distribuidoras do produto.
A escassez do asfalto, cuja única produtora no país é a Petrobras, fez com que pelo menos quatro obras em rodovias federais, sendo duas do PAC, fossem paralisadas ou desaceleradas, segundo superintendentes regionais do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
O diretor de distribuição da Petrobras, Paulo Roberto Costa, negou ontem que tenha havido falta do produto, apesar de a demanda por asfalto no Nordeste superar a capacidade de produção das duas unidades da empresa na região.
Segundo ele, ainda que a Petrobras tenha importado, pela primeira vez na história, 7.000 toneladas de asfalto destinadas ao Nordeste nesta semana, o remanejamento de parte do produto das unidades no Sudeste para o Nordeste foi suficiente para atender à demanda local -diferentemente do que afirmam distribuidoras, Dnits, Estados e prefeituras da região, todos afetados pelo problema.
A importação, de acordo com Costa, se mostrou economicamente competitiva, já que os preços do produto estão em baixa no hemisfério Norte, e servirá para formar um "estoque" de asfalto para a região.
Além do navio que chega nesta semana ao Ceará, um outro carregamento, de 9.000 toneladas, é esperado para o final de novembro. A Petrobras ainda considera fazer outras importações além dessas.
Para Costa, as distribuidoras de asfalto não seguiram a orientação da Petrobras de buscar o produto nas refinarias de Betim (MG), Duque de Caxias (RJ) e São José dos Campos (SP). Ele também afirma que essas empresas não fizeram os pedidos de asfalto com antecedência de 60 dias, conforme previsto em contrato.
Segundo a Abeda (Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Asfalto), buscar o asfalto no Sudeste requer investimentos logísticos que as distribuidoras não podem assumir de uma hora para outra.
O presidente da instituição, Eder Vianna, disse que muitas empresas tiveram de adquirir ou alugar novos veículos para buscar o asfalto na região Sudeste, o que aumentou os custos de distribuição, mesmo com a redução no preço do produto pela Petrobras.
Para Vianna, o remanejamento, mesmo que dê conta da demanda, não evita o risco de desabastecimento, já que o produto demora mais a chegar.
"Quando uma carreta vai carregar em Betim (MG), o tempo de viagem é de sete dias até Fortaleza (CE)", afirmou ele.
A Abeda diz ainda que os pedidos de asfalto são feitos com a antecedência prevista em contrato, mas que sofrem alterações porque, como as empreiteiras não assinam contratos de fornecimento com as distribuidoras, estas fazem seus pedidos baseadas no cronograma de obras da região, mas sem saber qual será o ritmo de trabalho das empreiteiras.
Procurada, a Aneor (Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias), que representa as empreiteiras, não atendeu a reportagem até o fechamento desta edição.
O Dnit nacional, por nota, desautorizou as declarações dos superintendentes regionais sobre os problemas no andamento das obras. Segundo a nota, os superintendentes "não estão acompanhando o caso de perto" e deram informações "equivocadas" à Folha. O Dnit, porém, não desmentiu as informações sobre paralisações e diminuição no ritmo das obras.


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