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Habitação e veículos puxam alta do crédito em setembro
Financiamento para empresas se recupera, mas ainda não volta ao nível pré-crise
Inadimplência do consumidor
recua pelo 3º mês seguido,
sob efeito do aumento do
crédito consignado, que
atingiu inéditos R$ 100 bi
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os empréstimos para a aquisição de veículos e para compra
da casa própria foram os dois
principais responsáveis pelo
aumento no crédito para as famílias brasileiras em setembro.
Os números do mês passado
também mostram uma pequena recuperação no financiamento para as empresas, que
ainda não voltaram aos níveis
pré-crise.
De acordo com dados do
Banco Central, o estoque de
crédito no país chegou ao patamar recorde de R$ 1,35 trilhão
em setembro -cerca de R$
7.000 para cada brasileiro. Isso
equivale a 45,7% do PIB (Produto Interno Bruto), acima dos
38,7% verificados em setembro
do ano passado.
A concessão de novos empréstimos apresentou o melhor
resultado do ano, puxada pelo
desembolso recorde de crédito
para compra de veículos no último mês de redução integral
do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para esses
produtos. Foram R$ 6,8 bilhões
para a compra de carros, 130%
a mais do que o volume de dezembro do ano passado. O crédito imobiliário registrou o segundo maior crescimento, no
mês e no ano, já que esse setor
foi um dos menos afetados pela
crise.
O aumento do crédito contribuiu para reduzir a inadimplência dos consumidores, que
caiu pelo terceiro mês seguido,
depois ter chegado no meio do
ano ao nível mais alto da história. O BC considera inadimplentes os empréstimos com
atraso superior a 90 dias, o que
representa hoje 8,2% das dívidas das famílias. A falta de crédito para rolagem de dívidas na
virada ano provocou um aumento nesse indicador até
maio, quando houve uma reversão nessa tendência.
Consignado
Também contribuiu para segurar a inadimplência a retomada nos financiamentos com
desconto em folha, cujo estoque ultrapassou no mês passado o valor recorde de R$ 100 bilhões. O consignado tem uma
taxa de juros 40% menor que a
média do mercado e risco perto
de zero.
De acordo com Túlio Maciel,
do Departamento Econômico
do Banco Central, a recuperação da economia se refletiu de
maneira mais rápida no aumento do crédito e na queda
dos juros. Esse efeito deve se
espalhar agora para outros indicadores, como o nível de inadimplência.
"Essa normalidade do mercado de crédito já está bem próxima, tanto na pessoa física como no jurídica."
Em relação às empresas, que
vinham sofrendo mais com a
falta de crédito, os novos financiamentos ainda estão cerca de
10% abaixo do verificado há um
ano. Houve recuperação, no
entanto, na comparação com os
números do primeiro semestre. Somente no mês passado,
as concessões cresceram 4,7%.
Em relação à inadimplência, o
percentual se manteve em 4%,
o pior em oito anos.
Para a economista Mariana
Oliveira, da Consultoria Tendências, essa recuperação nas
concessões deve levar o crédito
livre para pessoas jurídicas a
terminar o ano no "zero a zero".
Para 2010, ela prevê um aumento de 9%.
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