|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Descolamento pode não ter efeito positivo
JOHN AUTHERS
DO "FINANCIAL TIMES"
O descolamento não deveria
funcionar dessa maneira.
A grande teoria era que o descolamento dos mercados emergentes seria positivo para todos
-eles cresceriam mesmo que
os consumidores do mundo desenvolvido apanhassem um
resfriado e ajudariam a superar
os problemas comuns.
Os dados mais recentes sugerem um mundo descolado, mas
isso não parece ter efeito positivo. Na Ásia, o BC da Índia enviou sinal de que já está começando a apertar novamente a
política monetária. Os programas de ajuda aos bancos foram
retirados, e a sua projeção de
inflação foi elevada (uma questão política séria em um país no
qual muita gente vive na pobreza). As ações indianas estão
agora em seu menor nível nos
últimos 30 dias, 8% abaixo do
pico registrado recentemente.
Enquanto isso, a recuperação
da economia da Coreia do Sul é
espantosa. As exportações totais em setembro foram dois
terços mais altas que as de janeiro. A preocupação agora é
determinar se as autoridades
terão de intervir para derrubar
o valor do won [a moeda local],
que subiu em um terço desde o
pior momento da crise. O país
está se beneficiando de sua decisão de fortalecer os vínculos
com a China e atenuar as ligações com os Estados Unidos.
Enquanto a Ásia se superaquece, a confiança dos consumidores norte-americanos
continua em ritmo de depressão. O indicador de confiança
do instituto Conference Board
tende a acompanhar a Bolsa.
Quando as ações se saem bem,
os consumidores são mais otimistas, e vice-versa.
Mas, a despeito da alta nas
ações, a avaliação dos consumidores quanto ao momento presente caiu no mês passado ao
seu nível mais baixo desde
1983, de acordo com o levantamento, enquanto o otimismo
com relação ao futuro também
mostrava séria queda. As duas
coisas representaram surpresas desagradáveis para o mercado. A economia mais ampla
ainda não consegue ver os motivos do otimismo que parece
ter cativado Wall Street.
Assim, as economias asiáticas já chegaram a um ponto em
que o principal perigo é o superaquecimento, enquanto os
consumidores norte-americanos, apesar de todo o dinheiro
que lhes foi encaminhado, continuam a se sentir mal. Isso não
é encorajador.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Texto Anterior: Financiamento: Construtoras terão crédito de R$ 3,7 bi Próximo Texto: Recursos: Construtoras terão crédito de R$ 3,7 bi Índice
|