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Maioria vai
fazer compras,
diz pesquisa
da Redação
A maioria dos consumidores
está disposta a fazer compras neste final de ano. Apenas 16%, concentrados nas faixas de renda
mais baixa, dizem que não pretendem consumir -a não ser, é
óbvio, produtos de rotina.
A conclusão é de uma pesquisa
do Provar (Programa de Administração de Varejo), da USP, que
ouviu 400 pessoas das classes alta,
média e baixa em São Paulo.
Claudio Felisoni, coordenador
do Provar, explica que o objetivo
foi medir a expectativa de compras planejadas (bens de maior
valor) para este último trimestre.
Os gastos previstos para a compra de veículo, por exemplo, foram de R$ 12,2 mil, em média, enquanto para a chamada linha
branca (geladeira etc.) chegaram
a R$ 556; para móveis, R$ 967; para aparelhos de informática, R$
1.600; e para material de construção, R$ 967.
Felisoni afirma que essa intenção de consumo está certamente
relacionada ao recebimento do
13º salário, mas parte pode estar
relacionada à percepção de que a
inflação vai voltar, já identificada
em outras pesquisas de opinião.
As empresas demonstraram expectativa de faturar pelo menos
8% a mais neste trimestre, em relação ao anterior, com a média
apontando acréscimo de 30%.
Isso seria obtido não apenas
com aumento do volume de vendas, observa Felisoni, mas também com a recuperação de um
pouco de margem, devido à recente elevação dos custos. Os reajustes dos preços finais seriam em
média de 5%.
Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado
de São Paulo, está mais pessimista
com as vendas neste final de ano.
Apesar da injeção de dinheiro na
economia com o 13º, diz ele, deve-se lembrar que a massa salarial
encolheu em termos reais com o
desemprego e a inflação.
Pina reconhece que para o ano
que vem as perspectivas são um
pouco melhores, mas nada que
anime muito. "O cenário ainda é
muito negativo", afirma, projetando crescimento de no máximo
2,5% para o ano 2000.
Marcelo Allain, economista do
Banco Inter American Express,
também acha difícil um crescimento de 4%, como tem acenado
o governo. Ele estima alguma coisa entre 2,5% e 3%, no máximo.
"Não será nada parecido com o
que aconteceu após o Plano Real,
mas dá para crescer", diz ele.
Para justificar sua expectativa,
Allain aponta alguns fatores básicos, entre eles a recuperação das
exportações. Produtos antes importados com o dólar mais barato
também passam a ser produzidos
no país.
O economista aponta ainda para a possibilidade de reversão da
massa salarial real, que caiu nos
últimos meses, mas pode reagir
com os reajustes salariais (nada
que leve à reindexação) e a melhoria do nível de emprego.
Finalmente, diz Allain, deverá
influenciar o crescimento um
maior volume de crédito. As perdas com a inadimplência já foram
absorvidas e os consumidores,
com a recuperação do emprego,
tendem a perder o receio de se endividar, afirma ele.
(GJC)
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