São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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Maioria vai fazer compras, diz pesquisa

da Redação

A maioria dos consumidores está disposta a fazer compras neste final de ano. Apenas 16%, concentrados nas faixas de renda mais baixa, dizem que não pretendem consumir -a não ser, é óbvio, produtos de rotina.
A conclusão é de uma pesquisa do Provar (Programa de Administração de Varejo), da USP, que ouviu 400 pessoas das classes alta, média e baixa em São Paulo.
Claudio Felisoni, coordenador do Provar, explica que o objetivo foi medir a expectativa de compras planejadas (bens de maior valor) para este último trimestre.
Os gastos previstos para a compra de veículo, por exemplo, foram de R$ 12,2 mil, em média, enquanto para a chamada linha branca (geladeira etc.) chegaram a R$ 556; para móveis, R$ 967; para aparelhos de informática, R$ 1.600; e para material de construção, R$ 967.
Felisoni afirma que essa intenção de consumo está certamente relacionada ao recebimento do 13º salário, mas parte pode estar relacionada à percepção de que a inflação vai voltar, já identificada em outras pesquisas de opinião.
As empresas demonstraram expectativa de faturar pelo menos 8% a mais neste trimestre, em relação ao anterior, com a média apontando acréscimo de 30%.
Isso seria obtido não apenas com aumento do volume de vendas, observa Felisoni, mas também com a recuperação de um pouco de margem, devido à recente elevação dos custos. Os reajustes dos preços finais seriam em média de 5%.
Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, está mais pessimista com as vendas neste final de ano. Apesar da injeção de dinheiro na economia com o 13º, diz ele, deve-se lembrar que a massa salarial encolheu em termos reais com o desemprego e a inflação.
Pina reconhece que para o ano que vem as perspectivas são um pouco melhores, mas nada que anime muito. "O cenário ainda é muito negativo", afirma, projetando crescimento de no máximo 2,5% para o ano 2000.
Marcelo Allain, economista do Banco Inter American Express, também acha difícil um crescimento de 4%, como tem acenado o governo. Ele estima alguma coisa entre 2,5% e 3%, no máximo.
"Não será nada parecido com o que aconteceu após o Plano Real, mas dá para crescer", diz ele.
Para justificar sua expectativa, Allain aponta alguns fatores básicos, entre eles a recuperação das exportações. Produtos antes importados com o dólar mais barato também passam a ser produzidos no país.
O economista aponta ainda para a possibilidade de reversão da massa salarial real, que caiu nos últimos meses, mas pode reagir com os reajustes salariais (nada que leve à reindexação) e a melhoria do nível de emprego.
Finalmente, diz Allain, deverá influenciar o crescimento um maior volume de crédito. As perdas com a inadimplência já foram absorvidas e os consumidores, com a recuperação do emprego, tendem a perder o receio de se endividar, afirma ele. (GJC)


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