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CONSTRUÇÃO CIVIL
Falta de verba pública traz desalento em período antes considerado sinônimo de investimento
Nem ano de eleições traz ânimo ao setor
da Reportagem Local
Diferentemente de anos anteriores, as eleições municipais previstas para o próximo ano não
animam empresários e trabalhadores ligados a obras públicas.
Todos apontam a falta de capacidade de investimento dos municípios como a principal razão
do desânimo.
Em outras épocas, ano eleitoral
era sinônimo de grandes obras e
muitos empregos.
"Não temos esperanças para
2000, principalmente em São
Paulo, já que a prefeitura parece
não ter dinheiro para investir",
afirma Antonio de Souza Ramalho, presidente do Sintracon-SP
(sindicato dos trabalhadores da
construção civil).
Nos últimos meses, o prefeito
Celso Pitta anunciou a retomada
de algumas obras que faziam parte de suas promessas de campanha de 1996. Dentre as principais
estão a conclusão do complexo
viário da rua Sena Madureira
(apelidado de "Cebolinha") e do
"piscinão" do Bananal e a canalização dos córregos Cabuçu de
Baixo e Inhumas.
No entanto, na avaliação do sindicalista, somente em 2001 os investimentos devem voltar, principalmente por parte do governo
do Estado. "A Prefeitura de São
Paulo só deve retomar as obras
em 2002, no segundo ano do próximo prefeito", diz Ramalho.
Paulo Godoy, presidente da
Apeop, é menos pessimista.
"Acho natural um aquecimento,
mas o impacto já não será grande,
pois já não há espaço para endividamento dos municípios."
Perspectivas melhores
A perspectiva é um pouco melhor no Rio de Janeiro, segundo a
análise de Haroldo Guanabara,
diretor da Aeerj, que crê em uma
recuperação do setor em 2000.
"O governo estadual deve investir mais, já que este primeiro ano
de gestão serviu para colocar as
contas em ordem. Até a prefeitura
pode surpreender e investir mais,
apesar do endividamento", diz.
O professor da Unicamp e pesquisador da área sindical Jorge
Mattoso também não demonstra
entusiasmo com o futuro próximo. Na sua avaliação, mesmo que
o país cresça 3%, não deverá haver uma redução significativa no
desemprego.
Saneamento
O setor de saneamento parece
ser a maior esperança de empresários e trabalhadores da construção. O processo de privatização,
por meio de concessão, ainda está
em um estágio inicial nos Estados
mais ricos e simplesmente inexiste nos menores.
"O setor é promissor porque há
uma demanda brutal. Cerca de
85% do país não tem coleta de esgoto", afirma Godoy, da Apeop.
Ele estima que sejam necessários investimentos da ordem de
R$ 40 bilhões em obras de saneamento básico no país. "Mas serão
verbas "picadas", para pequenas
obras, com impacto limitado."
"O saneamento é a bola da vez,
já que os outros grandes setores já
foram privatizados", diz Ramalho, do Sintracon-SP.
O investimento no saneamento
pode ajudar a melhorar as contas
públicas, na opinião de Haroldo
Guanabara, da Aeerj, segundo
quem "cada US$ 1 investido em
saneamento representa uma economia de US$ 2,5 em gastos na
saúde".
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