São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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CONSTRUÇÃO CIVIL
Falta de verba pública traz desalento em período antes considerado sinônimo de investimento
Nem ano de eleições traz ânimo ao setor

da Reportagem Local

Diferentemente de anos anteriores, as eleições municipais previstas para o próximo ano não animam empresários e trabalhadores ligados a obras públicas.
Todos apontam a falta de capacidade de investimento dos municípios como a principal razão do desânimo.
Em outras épocas, ano eleitoral era sinônimo de grandes obras e muitos empregos.
"Não temos esperanças para 2000, principalmente em São Paulo, já que a prefeitura parece não ter dinheiro para investir", afirma Antonio de Souza Ramalho, presidente do Sintracon-SP (sindicato dos trabalhadores da construção civil).
Nos últimos meses, o prefeito Celso Pitta anunciou a retomada de algumas obras que faziam parte de suas promessas de campanha de 1996. Dentre as principais estão a conclusão do complexo viário da rua Sena Madureira (apelidado de "Cebolinha") e do "piscinão" do Bananal e a canalização dos córregos Cabuçu de Baixo e Inhumas.
No entanto, na avaliação do sindicalista, somente em 2001 os investimentos devem voltar, principalmente por parte do governo do Estado. "A Prefeitura de São Paulo só deve retomar as obras em 2002, no segundo ano do próximo prefeito", diz Ramalho.
Paulo Godoy, presidente da Apeop, é menos pessimista. "Acho natural um aquecimento, mas o impacto já não será grande, pois já não há espaço para endividamento dos municípios."

Perspectivas melhores
A perspectiva é um pouco melhor no Rio de Janeiro, segundo a análise de Haroldo Guanabara, diretor da Aeerj, que crê em uma recuperação do setor em 2000.
"O governo estadual deve investir mais, já que este primeiro ano de gestão serviu para colocar as contas em ordem. Até a prefeitura pode surpreender e investir mais, apesar do endividamento", diz.
O professor da Unicamp e pesquisador da área sindical Jorge Mattoso também não demonstra entusiasmo com o futuro próximo. Na sua avaliação, mesmo que o país cresça 3%, não deverá haver uma redução significativa no desemprego.

Saneamento
O setor de saneamento parece ser a maior esperança de empresários e trabalhadores da construção. O processo de privatização, por meio de concessão, ainda está em um estágio inicial nos Estados mais ricos e simplesmente inexiste nos menores.
"O setor é promissor porque há uma demanda brutal. Cerca de 85% do país não tem coleta de esgoto", afirma Godoy, da Apeop.
Ele estima que sejam necessários investimentos da ordem de R$ 40 bilhões em obras de saneamento básico no país. "Mas serão verbas "picadas", para pequenas obras, com impacto limitado."
"O saneamento é a bola da vez, já que os outros grandes setores já foram privatizados", diz Ramalho, do Sintracon-SP.
O investimento no saneamento pode ajudar a melhorar as contas públicas, na opinião de Haroldo Guanabara, da Aeerj, segundo quem "cada US$ 1 investido em saneamento representa uma economia de US$ 2,5 em gastos na saúde".


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