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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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ESPETÁCULO EM XEQUE

Proximidade do Natal não eleva contratações; para IBGE, juro menor não estimulou mercado de trabalho

Renda cai e emprego fica estável em outubro

DIOGO DE HOLLANDA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nem a proximidade do Natal está sendo suficiente para melhorar o mercado de trabalho no primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O desemprego mantém-se alto, e a renda do trabalhador, em queda, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em outubro, a taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país ficou inalterada -12,9%. Desde maio, quando subiu para 12,8%, o indicador praticamente não sai do mesmo patamar. Em outubro de 2002, a taxa estava em 11,2%.
Contrariando a lógica sazonal, o número de pessoas ocupadas recuou 0,4% em relação a setembro. Trata-se da primeira queda na ocupação desde fevereiro, de 71 mil trabalhadores. Diferentemente do número de pessoas ocupadas, a taxa de desemprego é uma proporção da População Economicamente Ativa.
A construção civil foi o setor que promoveu a maior redução na mão-de-obra (3%). Mas até o comércio, que costuma ser o grande empregador desta época do ano, reduziu quadros em 0,5%.
Mesmo influenciado por reajustes de categorias importantes, como os bancários, o rendimento médio real dos trabalhadores voltou a cair: 15,2% ante outubro de 2002 e 0,7% em relação a setembro. No confronto com o ano passado, foi a oitava perda consecutiva na renda dos trabalhadores.
Segundo o gerente da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), Cimar Azeredo Pereira, a queda dos juros não foi suficiente para animar o mercado de trabalho.
No lugar disso, as empresas têm optado por elevar a carga horária da mão-de-obra atual. Em outubro deste ano, a semana de trabalho de um empregado com carteira teve três horas a mais do que no mesmo mês do ano passado: de 40 horas, passou para 43,1 horas.
A boa notícia foi a queda da informalidade. Após dois meses de estabilidade, o total de trabalhadores com carteira assinada cresceu 0,9% em relação a setembro.

Governo Lula
A renda das pessoas ocupadas caiu 12,95% na média entre março e outubro do primeiro ano do governo Lula, na comparação com o mesmo período de 2002, ainda no mandato de FHC, de acordo com os dados do IBGE.
"O panorama econômico ainda não é muito confortável para investimentos", afirmou Pereira.
Ainda assim, segundo ele, outubro não foi melhor nem pior do que setembro. A opinião é compartilhada pelo economista Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). "Em uma leitura simples, o que os dados dizem é que não mudou nada de um mês para o outro."
O economista do Ipea minimizou a queda da ocupação verificada de setembro para outubro. A seu ver, o que ocorreu não passou de um "ajuste estatístico".


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