São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003


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VEÍCULOS

Montadoras vendem 10 mil unidades a mais por mês com queda do imposto

IPI menor diminui tombo em vendas de automóveis

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A redução da alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os automóveis vai permitir ao setor diminuir em quase um ponto percentual a queda nas vendas no período de vigência do incentivo em relação à média do ano. Em números absolutos, significa que as montadoras venderão em média 10 mil carros a mais por mês, entre agosto e novembro, ante meses "normais".
De janeiro a julho, foram comercializados 716,9 mil automóveis e comerciais leves, o que representa uma média mensal de 102,4 mil veículos. Entre 1º de agosto e anteontem, o acumulado de unidades vendidas chegava a 449.024 -ou 112,26 mil unidades comercializadas por mês.
No início de agosto, o governo decidiu atender um pedido das montadoras, que alegavam forte declínio nas vendas e aumento da capacidade ociosa nas fábricas (com ameaça de demissões) como argumento para uma queda na alíquota de IPI, a fim de estimular os consumidores. O decreto, que entrou em vigor no dia 6 desse mês, estipulou queda de até três pontos percentuais no tributo para veículos de até 2.000 cc. O incentivo fiscal acaba no domingo.
Os números atestam que a prerrogativa do menor imposto surtiu efeito -aliado, afirmam as montadoras, à queda nos juros e melhora nas perspectivas da economia. De janeiro a novembro de 2002, foi comercializado 1,297 milhão de automóveis e comerciais leves. De janeiro a anteontem, foi 1,165 milhão -queda de 10,2% nas vendas. Como restavam só dois dias úteis de venda em novembro (e mantido o ritmo de vendas), faltariam ser agregados aos dados deste mês mais 12 mil unidades.
Mas, se isolados apenas os meses de IPI menor, verifica-se que as vendas somente de automóveis caem em relação a 2002, mas não de forma tão intensa como nos outros meses: -9,32% (495.158 em 2002 ante 449.024 neste ano).
O "efeito IPI" está presente também nos relatórios da Anfavea (a associação das montadoras). Se, em agosto, as vendas foram 11,3% menores em relação a julho, nos meses seguintes a curva se inverteu. Em setembro, foram vendidas 125 mil unidades, uma alta de 24,1% sobre agosto -note-se, no entanto, que o levantamento da Anfavea considera também caminhões e ônibus, que representam cerca de 7.000 unidades/mês.
Outubro representou o melhor mês de vendas desde maio de 2001. Foram comercializados 140,7 mil veículos (inclui carros, ônibus e caminhões), expansão de 12,6% sobre as 125.035 unidades vendidas em setembro passado e de 0,3% sobre outubro de 2002. Até o início desta semana, as vendas totais (com ônibus e caminhões) eram 4,3% maiores que as de outubro, segundo a Anfavea.
O setor se mobiliza para manter ao menos parte do incentivo. Um documento foi encaminhado pela Anfavea ao governo, com os resultados do incentivo fiscal, e ele mostraria que o governo não perdeu arrecadação. O vice-presidente da General Motors, José Carlos Pinheiro Neto, por exemplo, defende que o governo mantenha o incentivo para os veículos "flexfuel" (em que os motores funcionam com gasolina, álcool ou a mistura dos dois).
Há outro argumento: os fabricantes já anunciaram que repassarão integralmente aos preços dos automóveis o eventual fim do IPI menor. Os preços subirão em média 9%, parte em razão do fim do incentivo, parte pelo dissídio médio de 18% aos trabalhadores.


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