São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 2006

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Crise aérea muda planos do consumidor

Cai proporção dos que planejam viagem de avião nas férias; preferência cresce para roteiros curtos de carro, diz pesquisa da FGV

Em relação à economia do país, confiança do brasileiro tem crescimento de 0,9% em novembro; aumento é maior entre os mais pobres


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A crise do setor aéreo já reduziu a disposição do consumidor para viajar de avião, revela sondagem da FGV (Fundação Getúlio Vargas). De acordo com a pesquisa, a proporção de consumidores dispostos a viajar de avião nas férias atingiu o menor patamar da série, que começou em setembro de 2005. Em novembro, apenas 35,7% dos que pretendem viajar planejam ir de avião. No mês anterior, a proporção era de 45,2%.
A proporção de entrevistados que planejam viajar nas férias apresentou um crescimento "tímido" em novembro, segundo a FGV. O percentual dos que pretendem viajar passou de 34,8% em outubro para 36,1% em novembro. O resultado é inferior ao apurado em novembro do ano passado, quando 45,4% planejavam realizar uma viagem. A intenção costuma ser afetada por aspectos sazonais, como a proximidade do fim do ano. Cresceu também a proporção de indecisos, de 12,6% em outubro para 17,7% em novembro.
"Primeiro houve a queda do avião da Gol e depois a crise de atrasos nos aeroportos. Esses eventos já mostram efeitos", disse Aloísio Campelo, responsável pela pesquisa.
O levantamento indica que o consumidor passou a dar preferência a viagens mais curtas. O percentual dos que planejam utilizar carro passou de 31,9% em outubro para 37,1%.
Além disso, a proporção de entrevistados que querem viajar para o exterior teve um recuo de 14,4% para 10,3% em novembro. Já os que pretendem adotar destinos dentro do país, o percentual subiu de 76,6% para 79,3% no período.
As companhias aéreas já começam a dar sinais de que estão sentindo a resposta do consumidor aos atrasos. Segundo dados do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), a taxa de ocupação no mercado doméstico caiu de 72% para 66% nos primeiros 20 dias de novembro.
A Gol já anunciou uma revisão para baixo nas suas projeções financeiras em razão dos problemas de tráfego aéreo encontrados no Brasil. "A receita líquida da Gol deverá ser sensivelmente reduzida pelo aumento do número de vôos cancelados e atrasos. Esse cenário tem estimulado passageiros a deixar de viajar, impactando a demanda da indústria no curto prazo", informou a companhia. O lucro por ação deve ficar entre R$ 3,75 e R$ 4,00. A projeção anterior era de R$ 3,90 a R$ 4,30 por ação.

Confiança em alta
Apesar da crise do setor aéreo, o consumidor está mais confiante no desempenho da economia brasileira. O índice calculado pela Fundação Getulio Vargas na mesma sondagem registrou alta de 0,9% em novembro, puxada pela expectativa de recuperação nos próximos meses, das finanças familiares e das compras de bens duráveis.
A avaliação sobre o momento atual da economia, no entanto, recuou 2%. "A confiança aumentou pelo quinto mês seguido, mas o consumidor avalia que a situação ainda está mudando muito lentamente e que pode melhorar mais no futuro", afirmou Campelo.
O crescimento foi puxado pelos resultados mais favoráveis no Rio de Janeiro (4,9%) e em São Paulo (2,0%). Entre as faixas de renda, os mais pobres estão mais otimistas. Em relação a novembro do ano passado, os consumidores com renda domiciliar até R$ 2.100 tiveram alta de 14,5%. Já os de renda mais alta (acima de R$ 9.600), a confiança caiu 1,2% no período.


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