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Crise aérea muda planos do consumidor
Cai proporção dos que planejam viagem de avião nas férias; preferência cresce para roteiros curtos de carro, diz pesquisa da FGV
Em relação à economia do país, confiança do brasileiro tem crescimento de 0,9% em novembro; aumento é maior entre os mais pobres
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A crise do setor aéreo já reduziu a disposição do consumidor
para viajar de avião, revela sondagem da FGV (Fundação Getúlio Vargas). De acordo com a
pesquisa, a proporção de consumidores dispostos a viajar de
avião nas férias atingiu o menor
patamar da série, que começou
em setembro de 2005. Em novembro, apenas 35,7% dos que
pretendem viajar planejam ir
de avião. No mês anterior, a
proporção era de 45,2%.
A proporção de entrevistados que planejam viajar nas férias apresentou um crescimento "tímido" em novembro, segundo a FGV. O percentual dos
que pretendem viajar passou
de 34,8% em outubro para
36,1% em novembro. O resultado é inferior ao apurado em novembro do ano passado, quando 45,4% planejavam realizar
uma viagem. A intenção costuma ser afetada por aspectos sazonais, como a proximidade do
fim do ano. Cresceu também a
proporção de indecisos, de
12,6% em outubro para 17,7%
em novembro.
"Primeiro houve a queda do
avião da Gol e depois a crise de
atrasos nos aeroportos. Esses
eventos já mostram efeitos",
disse Aloísio Campelo, responsável pela pesquisa.
O levantamento indica que o
consumidor passou a dar preferência a viagens mais curtas. O
percentual dos que planejam
utilizar carro passou de 31,9%
em outubro para 37,1%.
Além disso, a proporção de
entrevistados que querem viajar para o exterior teve um recuo de 14,4% para 10,3% em novembro. Já os que pretendem
adotar destinos dentro do país,
o percentual subiu de 76,6%
para 79,3% no período.
As companhias aéreas já começam a dar sinais de que estão
sentindo a resposta do consumidor aos atrasos. Segundo dados do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias),
a taxa de ocupação no mercado
doméstico caiu de 72% para
66% nos primeiros 20 dias de
novembro.
A Gol já anunciou uma revisão para baixo nas suas projeções financeiras em razão dos
problemas de tráfego aéreo encontrados no Brasil. "A receita
líquida da Gol deverá ser sensivelmente reduzida pelo aumento do número de vôos cancelados e atrasos. Esse cenário
tem estimulado passageiros a
deixar de viajar, impactando a
demanda da indústria no curto
prazo", informou a companhia.
O lucro por ação deve ficar entre R$ 3,75 e R$ 4,00. A projeção anterior era de R$ 3,90 a
R$ 4,30 por ação.
Confiança em alta
Apesar da crise do setor aéreo, o consumidor está mais
confiante no desempenho da
economia brasileira. O índice
calculado pela Fundação Getulio Vargas na mesma sondagem
registrou alta de 0,9% em novembro, puxada pela expectativa de recuperação nos próximos meses, das finanças familiares e das compras de bens
duráveis.
A avaliação sobre o momento
atual da economia, no entanto,
recuou 2%. "A confiança aumentou pelo quinto mês seguido, mas o consumidor avalia
que a situação ainda está mudando muito lentamente e que
pode melhorar mais no futuro",
afirmou Campelo.
O crescimento foi puxado pelos resultados mais favoráveis
no Rio de Janeiro (4,9%) e em
São Paulo (2,0%). Entre as faixas de renda, os mais pobres estão mais otimistas. Em relação
a novembro do ano passado, os
consumidores com renda domiciliar até R$ 2.100 tiveram
alta de 14,5%. Já os de renda
mais alta (acima de R$ 9.600), a
confiança caiu 1,2% no período.
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