São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 2006

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Brasil sugere comprar mais para vender carne a russos

Se a Rússia voltar a adquirir carne suína de SC, Brasil pode importar fertilizantes

Sugestão será levada pelo ministro Furlan; Brasil estaria disposto a gastar até US$ 1,5 bi por ano para equilibrar balança comercial


THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

O governo brasileiro pretende fazer mais uma tentativa de cessar o embargo da Rússia à carne suína catarinense. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, deve visitar o país com uma nova proposta: se a Rússia voltar a comprar suínos de Santa Catarina, o Brasil pode importar fertilizantes, turbinas hidrelétricas e trigo do país europeu.
O Brasil estaria disposto a gastar até US$ 1,5 bilhão ao ano para equilibrar a balança comercial, afirma o secretário da Agricultura de Santa Catarina, Gerson Sorgato.
"Não há certeza da reabertura de mercado. Mas essa é uma sugestão. O Brasil hoje vende o dobro do que compra [da Rússia]. É uma questão comercial."
Ainda há, no entanto, um entrave político e econômico, já que existe interesse da Rússia em incentivar a produção local.
Em visita ao país meses atrás, o ex-secretário da Agricultura de Santa Catarina Alfredo Felipe Luz afirmou que a questão não era mais sanitária. Segundo ele, a competição entre produtores russos e brasileiros era extremamente "ruinosa" e, por isso, não havia disposição dos russos em acabar com o veto.
Prestes a completar um ano de embargo -período que o acordo internacional preconiza em razão da confirmação da febre aftosa no vizinho Paraná-, o Estado acredita que, mesmo que a Rússia retome as importações, o volume não será suficiente para suprir a oferta.
Por isso, Santa Catarina luta para ter o reconhecimento da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) como área livre de febre aftosa sem vacinação.
Assim, seria possível atrair novos mercados, como Estados Unidos, Japão e até a União Européia. Antes do embargo, 80% do total das exportações do produto do Estado tinha como destino a Rússia. O objetivo é acabar com essa dependência.
Para conseguir o título, o Estado tem de fornecer toda a documentação necessária para a aprovação. "Essa é a nossa preocupação. Já a entregamos, mas reforçamos ao Ministério da Agricultura a importância de não perder o prazo."
O embargo já causou prejuízos de US$ 300 milhões (R$ 650 milhões).


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