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Leilão de petróleo e gás arrecada R$ 2,1 bi
Resultado é recorde na história das licitações da ANP; empresa de Eike Batista é o destaque, ao levar 21 blocos por R$ 1,39 bi
Petrobras arremata 27 blocos de 56 lances; 41 áreas foram
excluídas do leilão em razão da megadescoberta da estatal no campo de Tupi
PEDRO SOARES
RAQUEL ABRANTES
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A 9ª Rodada de Licitações de
blocos de petróleo e gás da ANP
(Agência Nacional do Petróleo)
bateu recorde e registrou um
total de R$ 2,109 bilhões em arrecadação de bônus de assinatura. O maior valor anterior havia sido na 7ª Rodada, em 2005
-R$ 1,078 bilhão. Dos 271 blocos ofertados, 117 foram arrematados e a rodada se encerrou
no primeiro dia - a previsão
era que durasse dois. Gigantes
como Esso, Shell, Repsol e BP
ficaram fora das ofertas.
Boa parte do sucesso do leilão se deveu à agressividade da
novata OGX, do empresário Eike Batista, que levou 21 blocos
dos 25 que disputou sozinha e
pagou bônus de R$ 1,39 bilhão
por eles. Em parcerias, a OGX
arrematou mais sete lotes,
completando um total de R$
1,567 bilhão no leilão.
Victor Martins, diretor da
ANP, disse que a participação
de empresas nacionais foi o
ponto alto do leilão, "o que fortalece o atual modelo de concessão". O investimento na fase
de exploração das áreas leiloadas deve chegar a R$ 6 bilhões.
Apenas os blocos da inexplorada bacia de Paraíba-Pernambuco ficaram encalhados durante o primeiro dia de leilão.
Antes da rodada, realizada no
hotel Windsor, na Barra da Tijuca (Rio), a expectativa chegou
a ser pessimista. Caiu como um
balde de água fria no setor de
petróleo a decisão do governo
de excluir 41 áreas com as características semelhantes às da
megadescoberta da Petrobras
no campo de Tupi.
Todas as áreas estão na chamada camada pré-sal, a elevadas profundidades, assim como
o campo da bacia de Santos, cujas reservas são estimadas de 5
bilhões a 8 bilhões de barris.
O diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, defendeu a iniciativa: "Esse bom desempenho se
justifica porque o Brasil está
crescendo, o setor de petróleo
está crescendo e descobrindo
petróleo. Favoreceu também a
nossa tática de começar com os
blocos elevados [os da bacia de
Campos]", disse. "Muitos vão
pensar que nas proximidades
[dos campos de Santos e Tupi]
pode ter coisa que não foi retirada e que é significativa. A descoberta de Tupi chamou bastante a atenção dos investidores para o Brasil."
Já nos primeiros setores
ofertados da bacia de Campos,
a mais produtiva do país, a arrecadação por pouco não igualou
o recorde de 2005: bateu em R$
959,3 milhões. Para o ministro
de Minas e Energia, Nelson
Hubner, a retirada dos blocos
não atrapalhou o leilão.
Destaque da 9ª Rodada, a estreante OGX, recentemente
constituída pelo empresário
Eike Batista, deu o maior lance
da história das rodadas de licitação da ANP, iniciadas em
1999. A empresa pagou R$
344,1 milhões por um lote, superando a oferta da italiana Eni
na 8ª Rodada (R$ 303 milhões).
Na avaliação de Hubner, a
OGX não entrou só com o objetivo de procurar gás para geração térmica. "É muito mais do
que isso. Elas estão diversificando suas atividades, buscando em áreas de potencial elevado. É mais um "player" entrando pesado no setor."
Outra mineradora, a Vale do
Rio Doce, também entrou com
apetite no leilão. Levou nove
blocos, especialmente na bacia
do Pará-Maranhão, onde concentra as atividades do sistema
norte (Carajás). Por essas
áreas, arrematadas sempre em
parceria com a Petrobras, desembolsou R$ 88,42 milhões.
Petrobras
O desempenho da OGX ofuscou o da Petrobras, que teve
uma das participações mais
modestas de todas as rodadas
da ANP. De 56 lances, a estatal
arrematou 27 blocos sozinha
ou em parceria. Desembolsou
com seus sócios R$ 296,523 milhões por essas áreas.
"Fazemos a avaliação econômica e vemos o que é competitivo. Quando o lance é muito alto, fica fora dos parâmetros técnicos e financeiros que temos.
Está demais", disse Francisco
Nepomuceno, gerente-executivo de Exploração e Produção da
Petrobras, citando o bônus recorde pago pela OGX.
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