São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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Leilão de petróleo e gás arrecada R$ 2,1 bi

Resultado é recorde na história das licitações da ANP; empresa de Eike Batista é o destaque, ao levar 21 blocos por R$ 1,39 bi

Petrobras arremata 27 blocos de 56 lances; 41 áreas foram excluídas do leilão em razão da megadescoberta da estatal no campo de Tupi

PEDRO SOARES
RAQUEL ABRANTES
DA SUCURSAL DO RIO

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A 9ª Rodada de Licitações de blocos de petróleo e gás da ANP (Agência Nacional do Petróleo) bateu recorde e registrou um total de R$ 2,109 bilhões em arrecadação de bônus de assinatura. O maior valor anterior havia sido na 7ª Rodada, em 2005 -R$ 1,078 bilhão. Dos 271 blocos ofertados, 117 foram arrematados e a rodada se encerrou no primeiro dia - a previsão era que durasse dois. Gigantes como Esso, Shell, Repsol e BP ficaram fora das ofertas.
Boa parte do sucesso do leilão se deveu à agressividade da novata OGX, do empresário Eike Batista, que levou 21 blocos dos 25 que disputou sozinha e pagou bônus de R$ 1,39 bilhão por eles. Em parcerias, a OGX arrematou mais sete lotes, completando um total de R$ 1,567 bilhão no leilão.
Victor Martins, diretor da ANP, disse que a participação de empresas nacionais foi o ponto alto do leilão, "o que fortalece o atual modelo de concessão". O investimento na fase de exploração das áreas leiloadas deve chegar a R$ 6 bilhões.
Apenas os blocos da inexplorada bacia de Paraíba-Pernambuco ficaram encalhados durante o primeiro dia de leilão.
Antes da rodada, realizada no hotel Windsor, na Barra da Tijuca (Rio), a expectativa chegou a ser pessimista. Caiu como um balde de água fria no setor de petróleo a decisão do governo de excluir 41 áreas com as características semelhantes às da megadescoberta da Petrobras no campo de Tupi.
Todas as áreas estão na chamada camada pré-sal, a elevadas profundidades, assim como o campo da bacia de Santos, cujas reservas são estimadas de 5 bilhões a 8 bilhões de barris.
O diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, defendeu a iniciativa: "Esse bom desempenho se justifica porque o Brasil está crescendo, o setor de petróleo está crescendo e descobrindo petróleo. Favoreceu também a nossa tática de começar com os blocos elevados [os da bacia de Campos]", disse. "Muitos vão pensar que nas proximidades [dos campos de Santos e Tupi] pode ter coisa que não foi retirada e que é significativa. A descoberta de Tupi chamou bastante a atenção dos investidores para o Brasil."
Já nos primeiros setores ofertados da bacia de Campos, a mais produtiva do país, a arrecadação por pouco não igualou o recorde de 2005: bateu em R$ 959,3 milhões. Para o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, a retirada dos blocos não atrapalhou o leilão.
Destaque da 9ª Rodada, a estreante OGX, recentemente constituída pelo empresário Eike Batista, deu o maior lance da história das rodadas de licitação da ANP, iniciadas em 1999. A empresa pagou R$ 344,1 milhões por um lote, superando a oferta da italiana Eni na 8ª Rodada (R$ 303 milhões).
Na avaliação de Hubner, a OGX não entrou só com o objetivo de procurar gás para geração térmica. "É muito mais do que isso. Elas estão diversificando suas atividades, buscando em áreas de potencial elevado. É mais um "player" entrando pesado no setor."
Outra mineradora, a Vale do Rio Doce, também entrou com apetite no leilão. Levou nove blocos, especialmente na bacia do Pará-Maranhão, onde concentra as atividades do sistema norte (Carajás). Por essas áreas, arrematadas sempre em parceria com a Petrobras, desembolsou R$ 88,42 milhões.

Petrobras
O desempenho da OGX ofuscou o da Petrobras, que teve uma das participações mais modestas de todas as rodadas da ANP. De 56 lances, a estatal arrematou 27 blocos sozinha ou em parceria. Desembolsou com seus sócios R$ 296,523 milhões por essas áreas.
"Fazemos a avaliação econômica e vemos o que é competitivo. Quando o lance é muito alto, fica fora dos parâmetros técnicos e financeiros que temos. Está demais", disse Francisco Nepomuceno, gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, citando o bônus recorde pago pela OGX.


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