São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Economistas prevêem PIB de 2% a 3% em 2009

O crescimento do PIB do Brasil deve ficar entre 2% e 3% em 2009, e a inflação, entre 4,5% e 6%, segundo previsão dos analistas de bancos em reunião ontem, em São Paulo, com diretores do Banco Central.
Diferentemente da última reunião, há 90 dias, o tom dessa foi de muito pessimismo. Sem querer apostar num prazo para o término da crise, a maioria dos economistas demonstrou não ver nenhuma chance de melhora no cenário até o fim do ano que vem.
O tema que mais mobilizou as atenções foi a discussão a respeito do efeito da valorização do dólar sobre a inflação. Sem haver consenso, uma boa parte dos economistas afirmou que o impacto cambial não será tão forte sobre a inflação.
Para muitos, a queda nos preços das commodities irá anular os reflexos que a alta do dólar poderia ter sobre a inflação. Os economistas afirmaram que os efeitos do que eles chamaram de "maxidesvalorização" do real já foram absorvidos pela economia. A tendência é de acomodação do dólar.
O que mais chamou a atenção dos economistas, no entanto, foi quando o diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, perguntou na reunião se eles se preocupavam com os efeitos dos aluguéis, dos preços administrados e da alta do salário mínimo sobre a inflação.
Para alguns economistas, essa pergunta poderia ser uma pista de que o Banco Central demonstra alguma preocupação com outros fatores além do câmbio sobre a inflação, como o aumento dos gastos do governo (o impacto do reajuste do salário mínimo sobre as contas governamentais).
Diante disso, os economistas saíram praticamente convencidos de que na última reunião do Copom deste ano dificilmente o Banco Central irá baixar os juros, apesar de praticamente o mundo inteiro estar optando por essa alternativa para tentar minimizar os efeitos da crise recessiva.

Setor de adubos espera queda na receita em 2008

A crise alterou as projeções da Anda (associação de empresas de adubo) para o resultado do setor neste ano. Segundo o presidente da entidade, Mário Barbosa, a expectativa antes da crise era de um crescimento de 5% no faturamento. Agora o setor já espera um decréscimo de 5% a 7% no resultado deste ano em relação a 2007.
Em geral, 70% do faturamento anual do setor se concentra no segundo semestre. As empresas de fertilizantes começaram 2008 com uma alta de 25% na receita do primeiro trimestre. A crise, no entanto, modificou a demanda e o preço dos fertilizantes, prejudicando os negócios após a metade do ano. Isso fez com que a divisão de faturamento neste ano ficasse em 50% do total em cada semestre, de acordo com Barbosa.
A mudança dos preços do setor acompanhou a queda na cotação internacional das commodities. No entanto, para os agricultores brasileiros, a cotação menor foi compensada pela valorização do dólar. "Mas, considerando os dois fatores, os preços estão em média 15% menores", diz Barbosa.
Para ele, mais que a queda na demanda, a escassez de linhas de crédito para a agricultura é o maior entrave do setor de fertilizantes.
Barbosa não quis arriscar projeções para 2009. Segundo ele, o desempenho do setor dependerá dos preços praticados após a colheita, em março.

Exibidores de cinema são contra cota de 40% para estudante

O Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas de São Paulo é contra o projeto de lei que limita o benefício da meia-entrada do estudante a 40% do total de ingressos em cinemas, teatros, shows e eventos esportivos e de lazer.
Eli Jorge Lins de Lima, presidente da entidade, afirma que, se for aprovado, o modelo "vai causar uma confusão". O motivo é a falta de possibilidade do exibidor para provar aos estudantes que chegarem depois de esgotada a cota que o cinema já vendeu os 40%. "Como eu vou fazer? Vou levar o estudante para dentro da gerência e mostrar no computador? Vou levar para dentro da sala e pedir para levantar a mão quem na platéia comprou meia-entrada? Eu não tenho como provar que vendi tudo, e as pessoas arrumam encrenca", diz Lima.
O ideal, segundo ele, seria definir alguns dias da semana permitidos para meia-entrada e abolir o benefício ao estudante nos finais de semana e feriados.
Lima afirma que a meia-entrada causa prejuízo ao exibidor porque há um volume muito grande de documentos falsos e diz que deveria ser criada uma forma para impedir a emissão de carteirinhas de estudante falsificadas. "O prejuízo é muito grande. Hoje eu tenho até 75% de meia-entrada."
A proposta da cota foi aprovada pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado e passará novamente pela comissão antes de ir à Câmara.

ENXURRADA:
PRODUTOS APREENDIDOS SÃO ARRASTADOS NO PORTO DE ITAJAÍ

As fortes chuvas em Santa Catarina arrastaram para a praia parte da carga apreendida pela Receita Federal no Porto de Itajaí -a maioria remédios e brinquedos. Contêineres vazios também foram arrastados e boiaram no mar. Outros, carregados, se molharam e serão abertos para checar se a mercadoria está ilesa. Segundo o sindicato dos despachantes, a carga que aguardava para embarcar não foi danificada.

NO COPO
A atriz britânica Jennifer Ellison participa, em um pub em Londres, da campanha "Cortemos os impostos da cerveja, salvemos os pubs", que contesta uma decisão do governo britânico para aumentar os impostos sobre a bebida; os pubs britânicos têm passado por dificuldades nos últimos meses; no terceiro trimestre, mais de 60 deles fecharam as portas


NO RELÓGIO
Armando Monteiro Neto, presidente da CNI, vai coordenar o encontro do Fórum Nacional da Indústria, dia 2, que reunirá presidentes de 45 associações nacionais setoriais e de federações de indústrias. Na pauta, além da crise, pontos que devem ser aprimorados no projeto de reforma tributária e ações para garantir a aprovação do texto ainda neste ano.

DA CHINA
O secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, recebe hoje, no Ministério do Desenvolvimento, uma delegação do Ministério do Comércio da China. A reunião abordará estatísticas do fluxo de importações do Brasil e exportações da China.

SACO VIRTUAL
A crise passa longe do horizonte de negócios da B2W, grupo de vendas eletrônicas que reúne sete sites, incluindo a Americanas.com, o Submarino, o ShopTime, entre outros. Para suportar o grande volume de pedidos durante a semana de Natal, a equipe de tecnologia reforçou o sistema para suportar 300 mil encomendas por dia. Para o Natal de 2007, esperavam-se 100 mil pedidos diários. A B2W detém atualmente 54% do faturamento total do comércio eletrônico, o que, até o final deste ano, deve representar cerca de R$ 5,5 bilhões. A semana de Natal, que vai de 15 de novembro a 24 de dezembro, responde, em média, por 20% das vendas. A B2W não quis comentar.

LEITURA
Chega ao Brasil no dia 5 o livro "A Reconstrução do Sistema Financeiro Global" (Editora Campus-Elsevier), de Martin Wolf, jornalista britânico especializado em economia do "Financial Times". O prefácio é de Pedro Malan. A obra mostra um histórico do sistema financeiro mundial das últimas três décadas e a origem da atual crise econômica.

BAGAGEM
Ali Baban, ministro do Planejamento do Iraque, confirmou visita ao Brasil em janeiro. Baban quer ampliar o comércio entre os países. De janeiro a 14 de novembro foram registrados US$ 348 milhões de faturamento para as empresas brasileiras que exportaram ao Iraque. Essa é a melhor marca das últimas duas décadas. No primeiro semestre de 2009, será realizada a feira Brasil Rebuilding Iraq, em Bagdá, primeira feira brasileira no Iraque.

BISTURI
Já passa de 6.000 o número de processos de operadoras de plano de saúde contra a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), informa o advogado Dagoberto Lima, que atende empresas de saúde. Segundo ele, elas questionam um artigo da lei 9.656/1998 que exige que as operadoras façam ressarcimento ao SUS caso seus beneficiários utilizem os serviços do sistema.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI



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