São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2008

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Dilma nega crise na Petrobras

Ministra afirma que empréstimo de R$ 2 bi tomado na CEF se deve a "problema imediato de caixa'

Dilma classifica de "ridículas" declarações que levantaram dúvidas sobre saúde financeira da empresa; Lobão vê "dificuldade momentânea"

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem serem "ridículas" as declarações de senadores do PSDB que levantaram dúvidas sobre a saúde financeira da Petrobras. A própria ministra, no entanto, reconheceu que o empréstimo de R$ 2 bilhões- concedido pela Caixa Econômica Federal à estatal do petróleo- se deve a "um problema imediato de caixa".
As declarações foram concedidas após uma visita à quinta edição da Feira Nacional da Agricultura Familiar, que se realiza neste ano no Rio de Janeiro. Ao responder às perguntas sobre a Petrobras, a ministra perdeu o bom humor que ostentava durante a visita.
"Essa é uma acusação ridícula sobre a Petrobras. A Petrobras é a maior empresa, não só de petróleo, mas a maior empresa nacional. Ela não está descapitalizada. Ela tinha um problema imediato de caixa para pagar impostos. Só isso", afirmou Dilma.
Em nota divulgada ontem, a Petrobras afirmou que precisa de captação média anual de US$ 4 bilhões e que, "em virtude das condições atuais do mercado financeiro internacional", a empresa está utilizando "com maior freqüência o mercado doméstico para suprir suas necessidades normais de financiamentos".
Anteontem, o governo federal liberou as empresas do grupo Petrobras para buscar financiamento no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e em outros bancos no Brasil, sem limite de endividamento.
Ainda segundo a nota, a Petrobras teve, no mês passado, maiores gastos com impostos e taxas, com o recolhimento de mais de R$ 11,4 bilhões. Parte desses pagamentos se deve a Imposto de Renda, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e participações especiais (que a estatal paga ao governo federal pela exploração e produção de petróleo).

Lobão
O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) também disse que a Petrobras viveu uma "dificuldade momentânea" e por isso pegou R$ 2 bilhões emprestados com a Caixa.
O ministro defendeu a operação e disse que isso acontece com regularidade. Questionado sobre a saúde financeira da estatal, o ministro afirmou que a empresa está bem.
"Ela [Petrobras] não está mal. Está como sempre esteve. Teve apenas dificuldades momentâneas em razão de impostos e compromissos que teve de pagar, mas é uma situação que se restabelece", disse o ministro. No balanço da Petrobras, o dinheiro tomado à Caixa está destinado a capital de giro, e não a pagamento de impostos ou tributos.

"Situação natural"
Questionada se, pelo fato de ser a maior empresa do país, com lucro acumulado de R$ 26,5 bilhões até o terceiro trimestre, a Petrobras precisaria recorrer a um empréstimo da Caixa para pagar impostos, Dilma afirmou que era uma "situação natural".
"Ela tinha que pagar uma determinada quantia dinheiro, fez um empréstimo, paga o empréstimo. Não tem mistério nenhum. Ela continua capitalizada", disse a ministra.
Ela minimizou o fato de o empréstimo ter sido feito por um banco federal e disse que a Petrobras faz essas operações com qualquer instituição. "Acho que não tem problema algum. Todo banco sonha em emprestar para a Petrobras."

Colaborou a Sucursal de Brasília



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