São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2008

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"Não há problema de caixa", afirma diretor da estatal

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirma, em entrevista à Folha, que a companhia não atrasou pagamentos a nenhum fornecedor e que o empréstimo da Caixa não representa dificuldades no caixa da empresa. A seguir, os principais trechos da entrevista.

 

FOLHA - Esse empréstimo foi atípico por dar capital de giro à companhia. Mostra uma fragilidade grave de caixa neste momento de crise?
ALMIR BARBASSA
- Essa foi a 18ª operação [de crédito] que eu fiz. Estamos fazendo operações ao longo do ano para cumprir com as metas da companhia. E suprir o caixa de modo adequado para continuar adimplente. Ela não está atrasada com absolutamente ninguém. O dinheiro não tem uma destinação específica. Tomamos novos financiamentos à medida que a gente vê a necessidade de recursos em caixa. E vai ser usado para aquilo que for necessário: investimento, despesas operacionais, pagamento de despesas operacionais. Não existe dinheiro carimbado aqui.

FOLHA - A taxa de juros é a de mercado ou foi subsidiada?
BARBASSA
- Naquele momento [fim de outubro], era a melhor taxa [104% do CDI]. A Caixa é um banco como qualquer outro. Acredito que ela está autorizada também a fazer negócio com qualquer empresa. Já fiz negócio com outros bancos também. Existem outros com essa dimensão [R$ 2 bilhões].

FOLHA - Como o sr. vê a medida do CMN que flexibilizou o limite de endividamento da companhia com bancos no Brasil?
BARBASSA
- É antes de tudo uma medida de justiça. A Petrobras e a BR eram as únicas que não podiam operar com o sistema bancário brasileiro por causa da regra de contingenciamento bancário, adotada no passado para limitar o endividamento público. Estávamos proibidos de pegar financiamento. E isso nos impedia de contratar no Brasil as garantias exigidas nos leilões da ANP. Tínhamos de ir ao exterior tomar as garantias. Estávamos operando numa situação completamente injusta [em relação aos concorrentes].

FOLHA - O sr. fará proximamente outra captação desse porte?
BARBASSA
- As condições de mercado não são favoráveis a ninguém, mas temos operações a serem concretizadas com bancos estrangeiros em breve.

FOLHA - A crise pegou a Petrobras no contrapé?
BARBASSA
- Não pegou. A Petrobras está adequadamente suprida [de recursos].

FOLHA - A oposição disse que a Petrobras está sem dinheiro para pagar aos fornecedores...
BARBASSA
- Se alguém me indicar um só fornecedor da Petrobras cujo pagamento está atrasado, um apenas, eu gostaria de conhecê-lo. Pagamos todas as nossas contas. Em outubro, recolhemos R$ 11,4 bilhões em tributos.

FOLHA - Esse volume de pagamento de tributos é atípico?
BARBASSA
- Tivemos um lucro recorrente de variação cambial [de R$ 10,9 bilhões, recorde para o terceiro trimestre], que é um lucro contábil, mas que não gera caixa. Esse lucro gera pagamento de tributos, que consome parte do caixa. Ele elevou o pagamento de tributos, enquanto não gerou caixa. Do outro lado, nós tivemos o pico do preço do petróleo durante esse trimestre e pagamos participação especial também sobre o preço internacional.


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