São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

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Fusões e aquisições crescem 44% no ano

Pesquisa da PricewaterhouseCoopers mostra que as empresas locais foram mais agressivas que as estrangeiras nas compras

Das 560 transações realizadas, 140 tiveram seu valor divulgado e totalizaram investimento de US$ 40,7 bilhões

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os grandes negócios ignoraram a expansão raquítica do PIB (Produto Interno Bruto), as crises políticas geradas pelo mensalão e pelos sanguessugas e deram um salto neste ano. O número de fusões e aquisições de empresas cresceu 44% em relação a 2005, totalizando 560 transações, segundo relatório da PricewaterhouseCoopers, divulgado ontem.
Cresceram também o valor total e o valor médio das transações em relação ao ano passado. Apenas 140 dessas operações tiveram seu valor divulgado neste ano e movimentaram US$ 40,7 bilhões. No ano passado, das 103 transações cujos valores eram conhecidos, o movimento foi de US$ 11,2 bilhões. O valor médio por transação saltou de US$ 108,5 milhões em 2005 para US$ 291 milhões neste ano.
As empresas nacionais foram com maior ímpeto às compras do que as estrangeiras. As empresas locais foram responsáveis por 58% das aquisições e as estrangeiras, por 42%. Muitas dessas transações foram investidas de brasileiras comprando estrangeiras lá fora.
O maior negócio do ano, inclusive, foi a aquisição da canadense Inco pela Vale do Rio Doce, por US$ 14,9 bilhões. "Esse é um dado positivo, reflete o dinamismo da economia e as boas oportunidades de negócios no exterior para as companhias locais", diz Raul Beer, sócio responsável pela área de fusões e aquisições da PricewaterhouseCoopers. Na sua opinião, as incursões das companhias locais no exterior não significam fuga do capital local do país, mas resultam do fortalecimento dessas companhias.
Dados do Depec (Departamento de Pesquisas Econômicas) do Bradesco mostram que o investimento direto brasileiro bruto (sem descontar as repatriações) no exterior chegou a US$ 24,7 bilhões neste ano, até outubro. O país tem hoje um estoque de investimentos diretos lá fora no valor de US$ 193,1 bilhões, que renderam, até outubro, US$ 986,5 milhões de dividendos remetidos ao país.
Beer também não vê falta de entusiasmo de investidores estrangeiros com o país. "As compras feitas por estrangeiros aumentaram 39% neste ano em relação a 2005. O crescimento do PIB em torno de 2,5% a 3% ao ano é baixo, mas é um bom crescimento, pois traz oportunidades", argumenta. Segundo ele, "nos próximos anos a tendência de aumento do número de transações deve se manter". A estimativa para 2007 é de crescimento entre 20% e 30%.

Surpresa
O movimento de fusões e aquisições no Brasil, em 2006, surpreendeu a PricewaterhouseCoopers. No início do ano, a empresa projetava crescimento de 10%. "Alguns fatos inesperados ajudaram a impulsionar os negócios", diz Beer.
Um deles foi a expansão da Bolsa em "ritmo frenético", com operações de emissões primárias de ações (IPOs) que contribuíram indiretamente para o aumento das transações. "As empresas captaram dinheiro relativamente barato, pois quanto maior a valorização da Bolsa menor o custo de capital", observa Beer.
Os recursos obtidos nas emissões de ações foram usados para comprar participações ou o controle de outras companhias.
Foi o caso da Lupatech, que produz válvulas industriais e peças fundidas para o setor automotivo. Ela abriu o capital na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) em maio e, no final de outubro, comprou três empresas na Argentina.
A valorização da Bolsa também impulsionou negócios em que o pagamento foi feito com ações emitidas pela empresa compradora -caso da aquisição do BankBoston pelo Itaú, por US$ 2,2 bilhões.
"Quando a empresa está valorizada em Bolsa e suas ações têm liquidez, ela consegue comprar outra dando um número menor de ações em pagamento do que se elas estivessem desvalorizadas", diz Beer. "Esse é um mecanismo muito usado no exterior", acrescenta.


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