São Paulo, sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

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BC prevê desaceleração do PIB em 2008

Autoridade monetária estima que país vá crescer 4,5% no ano que vem, ante 5,2% neste ano, em razão do cenário externo

Banco Central avalia que a falta de matérias-primas e de mão-de-obra especializada é um dos principais obstáculos ao crescimento do país

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A falta de matérias-primas e de mão-de-obra qualificada é um dos principais obstáculos ao crescimento da economia brasileira, segundo avaliação feita pelo Banco Central. Ainda assim, a autoridade monetária diz acreditar que a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) deve chegar a 5,2% neste ano e a 4,5% no ano que vem.
Inicialmente, o BC previa um crescimento de 4,7% para o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, mas revisou sua projeção porque os resultados alcançados até setembro ficaram acima do esperado. Já o crescimento esperado para 2008 deve ser um pouco menor do que o deste ano por causa da desaceleração da economia mundial, puxada pelos EUA, que ainda vive as dúvidas levantadas a partir da crise enfrentada pelo mercado imobiliário local.
O cenário foi traçado no Relatório de Inflação, documento preparado a cada três meses com a análise do BC sobre a conjuntura econômica. Sobre os limites ao crescimento da economia brasileira, o texto se baseia em pesquisa feita pela FGV (Fundação Getulio Vargas) em outubro com empresários. Segundo o levantamento, a escassez de matéria-prima foi apontada como principal restrição ao aumento da produção.
A partir de outros dados da FGV e da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o BC adiciona à lista de restrições a falta de mão-de-obra especializada e a alta utilização da capacidade instalada. "As restrições ao ritmo de crescimento se dão mais pela incapacidade de atender à demanda do que pela falta de demanda", diz o diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita.
Ou seja, com o ritmo atual de aumento do consumo, as empresas estariam mais preocupadas com a possibilidade de não conseguir produzir o suficiente para atender essa demanda do que com o risco de aumentar demais a produção e ficar com produtos encalhados no estoque.
O receio de que o consumo cresça mais rapidamente do que a oferta foi um dos motivos que fizeram o Banco Central interromper a trajetória de queda dos juros básicos da economia, que durou dois anos e chegou ao fim em setembro passado. Hoje, a taxa Selic está em 11,25% ao ano.
Se o consumo se expande de forma mais acelerada, as empresas passam a ter, em tese, mais espaço para reajustar preços. Mesquita diz que o risco existe, mas pode não ser tão grande se os investimentos feitos pelas empresas na ampliação da capacidade produtiva se mantiverem no ritmo atual. Segundo o BC, esses investimentos devem crescer 12,2% neste ano e 10,4% em 2008.
Confirmado esse cenário, o que deve puxar o crescimento do ano que vem um pouco para baixo na comparação com este ano é o comportamento do cenário externo. Ainda não se sabe ao certo qual será o desfecho da crise imobiliária dos Estados Unidos, mas, ainda que seus efeitos sejam limitados, é esperada pelo BC uma desaceleração na economia mundial, o que deve limitar o aumento das exportações brasileiras.
Por outro lado, o crescimento da demanda interna e o real valorizado devem continuar sustentando a elevação das importações. Combinados esses fatores, o setor externo terá, nas contas do BC, uma contribuição negativa de 1,8 ponto percentual no PIB de 2008.
Ainda assim, Mesquita diz considerar o crescimento de 4,5% projetado para o ano que vem "uma taxa robusta, se comparada com o padrão dos últimos 20 anos da economia brasileira".


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