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BC prevê desaceleração do PIB em 2008
Autoridade monetária estima que país vá crescer 4,5% no ano que vem, ante 5,2% neste ano, em razão do cenário externo
Banco Central avalia que a falta de matérias-primas e de
mão-de-obra especializada
é um dos principais obstáculos
ao crescimento do país
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A falta de matérias-primas e
de mão-de-obra qualificada é
um dos principais obstáculos
ao crescimento da economia
brasileira, segundo avaliação
feita pelo Banco Central. Ainda
assim, a autoridade monetária
diz acreditar que a expansão do
PIB (Produto Interno Bruto)
deve chegar a 5,2% neste ano e
a 4,5% no ano que vem.
Inicialmente, o BC previa um
crescimento de 4,7% para o PIB
(Produto Interno Bruto) neste
ano, mas revisou sua projeção
porque os resultados alcançados até setembro ficaram acima do esperado. Já o crescimento esperado para 2008 deve ser um pouco menor do que
o deste ano por causa da desaceleração da economia mundial, puxada pelos EUA, que
ainda vive as dúvidas levantadas a partir da crise enfrentada
pelo mercado imobiliário local.
O cenário foi traçado no Relatório de Inflação, documento
preparado a cada três meses
com a análise do BC sobre a
conjuntura econômica. Sobre
os limites ao crescimento da
economia brasileira, o texto se
baseia em pesquisa feita pela
FGV (Fundação Getulio Vargas) em outubro com empresários. Segundo o levantamento,
a escassez de matéria-prima foi
apontada como principal restrição ao aumento da produção.
A partir de outros dados da
FGV e da CNI (Confederação
Nacional da Indústria), o BC
adiciona à lista de restrições a
falta de mão-de-obra especializada e a alta utilização da capacidade instalada. "As restrições
ao ritmo de crescimento se dão
mais pela incapacidade de
atender à demanda do que pela
falta de demanda", diz o diretor
de Política Econômica do BC,
Mário Mesquita.
Ou seja, com o ritmo atual de
aumento do consumo, as empresas estariam mais preocupadas com a possibilidade de
não conseguir produzir o suficiente para atender essa demanda do que com o risco de
aumentar demais a produção e
ficar com produtos encalhados
no estoque.
O receio de que o consumo
cresça mais rapidamente do
que a oferta foi um dos motivos
que fizeram o Banco Central
interromper a trajetória de
queda dos juros básicos da economia, que durou dois anos e
chegou ao fim em setembro
passado. Hoje, a taxa Selic está
em 11,25% ao ano.
Se o consumo se expande de
forma mais acelerada, as empresas passam a ter, em tese,
mais espaço para reajustar preços. Mesquita diz que o risco
existe, mas pode não ser tão
grande se os investimentos feitos pelas empresas na ampliação da capacidade produtiva se
mantiverem no ritmo atual. Segundo o BC, esses investimentos devem crescer 12,2% neste
ano e 10,4% em 2008.
Confirmado esse cenário, o
que deve puxar o crescimento
do ano que vem um pouco para
baixo na comparação com este
ano é o comportamento do cenário externo. Ainda não se sabe ao certo qual será o desfecho
da crise imobiliária dos Estados
Unidos, mas, ainda que seus
efeitos sejam limitados, é esperada pelo BC uma desaceleração na economia mundial, o
que deve limitar o aumento das
exportações brasileiras.
Por outro lado, o crescimento da demanda interna e o real
valorizado devem continuar
sustentando a elevação das importações. Combinados esses
fatores, o setor externo terá,
nas contas do BC, uma contribuição negativa de 1,8 ponto
percentual no PIB de 2008.
Ainda assim, Mesquita diz
considerar o crescimento de
4,5% projetado para o ano que
vem "uma taxa robusta, se
comparada com o padrão dos
últimos 20 anos da economia
brasileira".
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