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IGP-M sobe 7,75% em 2007, maior alta em três anos
Reajustes de alimentos no atacado pressionam; inflação avança em dezembro à mais alta taxa mensal desde 2003
Preços de commodities e
produtos agrícolas fecham
com alta de 24,22%; FGV
calcula em 4,24% reajuste
dos produtos industriais
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Pressionado pelos alimentos
no atacado, o IGP-M (Índice
Geral de Preços - Mercado) fechou 2007 em 7,75%, maior taxa desde 2004 (12,41%). Em
2006, o índice havia sido de
3,83%, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas).
Em dezembro, a inflação sofreu novo repique, provocado
mais uma vez pela alta dos preços de produtos alimentícios
no mercado atacadista. O índice ficou em 1,76%, bem acima
do 0,69% registrado em novembro. Foi, neste caso, a
maior alta mensal desde fevereiro de 2003 (2,28%).
A inflação subiu na esteira da
alta dos preços de commodities
e produtos agrícolas especialmente no atacado -alta de
24,22% no ano, ante 4,24% dos
produtos industriais.
O IPA (Índice de Preços por
Atacado) subiu 9,19% no acumulado de 2007. O IPC (Índice
de Preços ao Consumidor) teve
alta de 4,64%. O INCC (Índice
Nacional da Construção Civil)
avançou 6,04%.
Em dezembro, os preços no
atacado aumentaram 2,36%,
em média. Foi a maior fonte de
pressão para o IGP-M. Em novembro, o IPA havia subido
menos: 0,97%.
Já os preços ao consumidor
avançaram 0,67% em dezembro, ante alta de apenas 0,04%n
em novembro. O INCC subiu
de 0,48% em novembro para
0,43% em dezembro.
Para Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, a alta do IGP-M em
2007 é "atípica" e está relacionada ao aumento do preço da
cotações internacionais das
commodities agrícolas.
"A inflação vinha se comportando bem até agosto, quando
deu uma acelerada mais forte
com as pressões dos preços
agropecuários. A alta de 7,75%
é realmente atípica", disse.
Como exemplo, o economista citou a contribuição de alguns produtos, cujos preços subiram com força. Entre eles,
destacou a soja (1,95 ponto percentual do IPA de 9,19%), o milho (1,28 ponto) e os bovinos
(1,13 ponto). O IPA corresponde a 60% do IGP-M.
Em dezembro, milho, soja e
bovinos lideraram, mais uma
vez, as altas no atacado
-17,43%, 7,25% e 9,47%, respectivamente.
Os preços dos alimentos foram afetados por problemas
climáticos, que pressionaram
carne e feijão, por exemplo.
Destaques e perspectivas
Já no IPC, as principais pressões, em dezembro, vieram do
feijão carioca (32,21%), da gasolina (1,27%) e do cigarro
(3,16%). O destaque de queda
ficou por conta do leite in natura --5,22%.
Quadros se mostrou mais
otimista com relação a 2008:
"O índice deverá desacelerar no
ano que vem. Não quero arriscar nem fazer uma projeção numérica, mas, em termos de tendência, o IGP-M e os demais
IGPs devem captar taxas menores em 2008, mais próximas
de 4%. O índice não deve ser tão
forte como neste ano."
Para 2008, ele diz que a expectativa de menor crescimento da economia deve conter os
preços das commodities, que
podem subir menos.
O economista acredita que os
preços ao consumidor vão subir mais em 2008 ainda em razão da pressão dos alimentos e
de uma rodada mais intensa de
aumentos de preços administrados. Parte das tarifas é corrigida pelos IGPs, índices que ficaram mais altos neste ano.
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