São Paulo, sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IGP-M sobe 7,75% em 2007, maior alta em três anos

Reajustes de alimentos no atacado pressionam; inflação avança em dezembro à mais alta taxa mensal desde 2003

Preços de commodities e produtos agrícolas fecham com alta de 24,22%; FGV calcula em 4,24% reajuste dos produtos industriais

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Pressionado pelos alimentos no atacado, o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) fechou 2007 em 7,75%, maior taxa desde 2004 (12,41%). Em 2006, o índice havia sido de 3,83%, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas).
Em dezembro, a inflação sofreu novo repique, provocado mais uma vez pela alta dos preços de produtos alimentícios no mercado atacadista. O índice ficou em 1,76%, bem acima do 0,69% registrado em novembro. Foi, neste caso, a maior alta mensal desde fevereiro de 2003 (2,28%).
A inflação subiu na esteira da alta dos preços de commodities e produtos agrícolas especialmente no atacado -alta de 24,22% no ano, ante 4,24% dos produtos industriais.
O IPA (Índice de Preços por Atacado) subiu 9,19% no acumulado de 2007. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) teve alta de 4,64%. O INCC (Índice Nacional da Construção Civil) avançou 6,04%.
Em dezembro, os preços no atacado aumentaram 2,36%, em média. Foi a maior fonte de pressão para o IGP-M. Em novembro, o IPA havia subido menos: 0,97%.
Já os preços ao consumidor avançaram 0,67% em dezembro, ante alta de apenas 0,04%n em novembro. O INCC subiu de 0,48% em novembro para 0,43% em dezembro.
Para Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, a alta do IGP-M em 2007 é "atípica" e está relacionada ao aumento do preço da cotações internacionais das commodities agrícolas.
"A inflação vinha se comportando bem até agosto, quando deu uma acelerada mais forte com as pressões dos preços agropecuários. A alta de 7,75% é realmente atípica", disse.
Como exemplo, o economista citou a contribuição de alguns produtos, cujos preços subiram com força. Entre eles, destacou a soja (1,95 ponto percentual do IPA de 9,19%), o milho (1,28 ponto) e os bovinos (1,13 ponto). O IPA corresponde a 60% do IGP-M.
Em dezembro, milho, soja e bovinos lideraram, mais uma vez, as altas no atacado -17,43%, 7,25% e 9,47%, respectivamente.
Os preços dos alimentos foram afetados por problemas climáticos, que pressionaram carne e feijão, por exemplo.

Destaques e perspectivas
Já no IPC, as principais pressões, em dezembro, vieram do feijão carioca (32,21%), da gasolina (1,27%) e do cigarro (3,16%). O destaque de queda ficou por conta do leite in natura --5,22%.
Quadros se mostrou mais otimista com relação a 2008: "O índice deverá desacelerar no ano que vem. Não quero arriscar nem fazer uma projeção numérica, mas, em termos de tendência, o IGP-M e os demais IGPs devem captar taxas menores em 2008, mais próximas de 4%. O índice não deve ser tão forte como neste ano."
Para 2008, ele diz que a expectativa de menor crescimento da economia deve conter os preços das commodities, que podem subir menos.
O economista acredita que os preços ao consumidor vão subir mais em 2008 ainda em razão da pressão dos alimentos e de uma rodada mais intensa de aumentos de preços administrados. Parte das tarifas é corrigida pelos IGPs, índices que ficaram mais altos neste ano.


Texto Anterior: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Comendo no prato em que cuspiram
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.