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"HOSPITAL"
Empresa adia por um mês pagamento de empréstimo de US$ 336 mi
BNDES aceita rolar dívida da AES
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico Social) aceitou que a norte-americana AES, controladora da distribuidora de energia Eletropaulo,
adiasse o pagamento de um empréstimo de US$ 336 milhões. Foi
a primeira operação desse tipo
aprovada na gestão do novo presidente do banco, Carlos Lessa.
A AES deveria pagar a quantia
ao banco no dia 25 deste mês, mas
propôs o adiamento para 28 de fevereiro. BNDES e AES informaram ontem que a proposta foi
aceita. Com essa decisão, a empresa terá que pagar juros de 9%
ao ano, além da variação cambial.
Lessa já afirmou que uma das
funções do banco é socorrer empresas em dificuldades, deixando-as "no hospital do BNDES" até
que elas se recuperem.
O valor que deixará de ser pago
neste mês se refere a uma parcela
de uma dívida contraída pela elétrica norte-americana na época
da privatização da Eletropaulo,
em 1998. O débito já havia sido renegociado em 2000.
Em 2000, o BNDES parcelou
uma dívida originalmente de US$
1,2 bilhão (valor do principal, excluindo juros) da AES em quatro
vezes. O crédito foi usado na compra do controle da Eletropaulo.
As duas primeira parcelas, que
venceram em janeiro de 2000 e janeiro de 2001, foram quitadas em
dia. Em 2002, a AES, que vive dificuldades nos EUA, foi obrigada a
atrasar parte da terceira parcela,
cujo valor não foi informado pela
empresa. Esse pagamento foi postergado para janeiro de 2004.
Agora, a empresa teve de usar o
mesmo recurso, adiando o que
seria a última parcela da dívida renegociada em 2000.
Além dos problemas financeiros da matriz, a Eletropaulo sofre
com a queda do consumo de
energia desde o racionamento e o
peso da desvalorização cambial
sobre o seu endividamento. Sua
dívida total era de cerca de R$ 4,3
bilhões em setembro de 2002.
Não foi a primeira vez que o
BNDES concordou em adiar o recebimento de dívidas da AES: em
novembro de 2002, o pagamento
de US$ 85 milhões foi rolado por
mais de um mês.
Parmalat
O BNDES aprovou um empréstimo de R$ 27,3 milhões para a
Parmalat, que deve receber os recursos nos próximos dias. Falta
apenas assinar o contrato, pois
ainda existem pendências burocráticas a serem cumpridas. Nenhuma das partes informou qual
será a taxa de juros cobrada.
Para conseguir o crédito, a companhia deu como garantia a fábrica de Jundiaí (interior de São Paulo), avaliada em R$ 25 milhões.
Apesar de estar em linha com o
discurso da nova direção do banco, que dará prioridade a projetos
de produção de alimentos, a operação foi aprovada em 2 de dezembro pela antiga diretoria, ainda no governo FHC.
Segundo a Parmalat, que tem
uma dívida de US$ 240 milhões,
os recursos serão usados para expansão e modernização de unidades produtoras de leite. Ao todo, o
projeto da companhia para revitalizar as linhas de fabricação de
leite é de R$ 112 milhões.
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