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São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 2003

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"HOSPITAL"

Empresa adia por um mês pagamento de empréstimo de US$ 336 mi

BNDES aceita rolar dívida da AES

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) aceitou que a norte-americana AES, controladora da distribuidora de energia Eletropaulo, adiasse o pagamento de um empréstimo de US$ 336 milhões. Foi a primeira operação desse tipo aprovada na gestão do novo presidente do banco, Carlos Lessa.
A AES deveria pagar a quantia ao banco no dia 25 deste mês, mas propôs o adiamento para 28 de fevereiro. BNDES e AES informaram ontem que a proposta foi aceita. Com essa decisão, a empresa terá que pagar juros de 9% ao ano, além da variação cambial.
Lessa já afirmou que uma das funções do banco é socorrer empresas em dificuldades, deixando-as "no hospital do BNDES" até que elas se recuperem.
O valor que deixará de ser pago neste mês se refere a uma parcela de uma dívida contraída pela elétrica norte-americana na época da privatização da Eletropaulo, em 1998. O débito já havia sido renegociado em 2000.
Em 2000, o BNDES parcelou uma dívida originalmente de US$ 1,2 bilhão (valor do principal, excluindo juros) da AES em quatro vezes. O crédito foi usado na compra do controle da Eletropaulo.
As duas primeira parcelas, que venceram em janeiro de 2000 e janeiro de 2001, foram quitadas em dia. Em 2002, a AES, que vive dificuldades nos EUA, foi obrigada a atrasar parte da terceira parcela, cujo valor não foi informado pela empresa. Esse pagamento foi postergado para janeiro de 2004.
Agora, a empresa teve de usar o mesmo recurso, adiando o que seria a última parcela da dívida renegociada em 2000.
Além dos problemas financeiros da matriz, a Eletropaulo sofre com a queda do consumo de energia desde o racionamento e o peso da desvalorização cambial sobre o seu endividamento. Sua dívida total era de cerca de R$ 4,3 bilhões em setembro de 2002.
Não foi a primeira vez que o BNDES concordou em adiar o recebimento de dívidas da AES: em novembro de 2002, o pagamento de US$ 85 milhões foi rolado por mais de um mês.

Parmalat
O BNDES aprovou um empréstimo de R$ 27,3 milhões para a Parmalat, que deve receber os recursos nos próximos dias. Falta apenas assinar o contrato, pois ainda existem pendências burocráticas a serem cumpridas. Nenhuma das partes informou qual será a taxa de juros cobrada.
Para conseguir o crédito, a companhia deu como garantia a fábrica de Jundiaí (interior de São Paulo), avaliada em R$ 25 milhões.
Apesar de estar em linha com o discurso da nova direção do banco, que dará prioridade a projetos de produção de alimentos, a operação foi aprovada em 2 de dezembro pela antiga diretoria, ainda no governo FHC.
Segundo a Parmalat, que tem uma dívida de US$ 240 milhões, os recursos serão usados para expansão e modernização de unidades produtoras de leite. Ao todo, o projeto da companhia para revitalizar as linhas de fabricação de leite é de R$ 112 milhões.


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