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São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 2003

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DISPUTA FINANCEIRA

Banco brasileiro assume carteira de R$ 7 bi e encosta no BB

Bradesco compra parte do JP Morgan

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco marcou mais um tento com o encolhimento dos bancos estrangeiros no país: anunciou ontem a compra da área de fundos de investimento do JP Morgan, agregando R$ 7 bilhões ao total de recursos de terceiros que administra.
No início do mês, o Bradesco havia adquirido o espanhol BBV banco. Com as duas aquisições, o patrimônio dos fundos de investimento e das carteiras administradas pelo banco chega a R$ 63,4 bilhões, superando o Itaú e encostando no líder, o Banco do Brasil. "Somos o maior administrador privado de recursos", diz Márcio Cypriano, presidente do banco.
Para o JP Morgan, a venda significa um encolhimento das atividades, mas "não reflete falta de compromisso com o país", segundo seu presidente, Patrick Morin. Tanto que serão mantidas as operações de tesouraria, de "private banking" (grandes investidores) e de "investment banking" (fusões e aquisições e captação no exterior para empresas locais).
Esses tipos de negócios, porém, encolheram mais de 50% no ano passado. A colocação de títulos brasileiros, por exemplo, caiu de US$ 11,2 bilhões, em 2001, para US$ 5,9 bilhões. Na esteira da retração do mercado, o total de funcionários do JP Morgan reduziu-se de 350, em 2001, para 200, após a venda ao Bradesco.
"A área de asset management não teve o crescimento que esperávamos, que nos colocasse entre os cinco maiores administradores de recursos do país", diz Morin. Em dezembro, segundo o ranking da Anbid (Associação Nacional de Bancos de Investimento), o JP Morgan estava em 15º lugar.
Segundo Morin, "a consolidação do setor bancário fez crescer a distância entre o JP Morgan e os líderes do setor". Sem condições de ganhar escala, os americanos preferiram vender a operação.
Na opinião de André Cappon, presidente da CBM Group, empresa de consultoria financeira de Nova York, a venda da área de fundos do JP Morgan ocorreu porque ele "não teve sucesso com esse negócio no Brasil".
Nos anos 90, segundo Cappon, bancos americanos e europeus viam a América Latina com grande expectativa, acreditando no crescimento de uma classe média emergente, que sustentaria o crescimento do mercado financeiro. "Essa classe média, porém, era composta de funcionários públicos e foi dizimada com as privatizações", afirma.


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