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DISPUTA FINANCEIRA
Banco brasileiro assume carteira de R$ 7 bi e encosta no BB
Bradesco compra parte do JP Morgan
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Bradesco marcou mais um
tento com o encolhimento dos
bancos estrangeiros no país:
anunciou ontem a compra da
área de fundos de investimento
do JP Morgan, agregando R$ 7 bilhões ao total de recursos de terceiros que administra.
No início do mês, o Bradesco
havia adquirido o espanhol BBV
banco. Com as duas aquisições, o
patrimônio dos fundos de investimento e das carteiras administradas pelo banco chega a R$ 63,4 bilhões, superando o Itaú e encostando no líder, o Banco do Brasil.
"Somos o maior administrador
privado de recursos", diz Márcio
Cypriano, presidente do banco.
Para o JP Morgan, a venda significa um encolhimento das atividades, mas "não reflete falta de compromisso com o país", segundo
seu presidente, Patrick Morin.
Tanto que serão mantidas as operações de tesouraria, de "private
banking" (grandes investidores) e
de "investment banking" (fusões
e aquisições e captação no exterior para empresas locais).
Esses tipos de negócios, porém,
encolheram mais de 50% no ano
passado. A colocação de títulos
brasileiros, por exemplo, caiu de
US$ 11,2 bilhões, em 2001, para
US$ 5,9 bilhões. Na esteira da retração do mercado, o total de funcionários do JP Morgan reduziu-se de 350, em 2001, para 200, após
a venda ao Bradesco.
"A área de asset management
não teve o crescimento que esperávamos, que nos colocasse entre
os cinco maiores administradores
de recursos do país", diz Morin.
Em dezembro, segundo o ranking
da Anbid (Associação Nacional
de Bancos de Investimento), o JP
Morgan estava em 15º lugar.
Segundo Morin, "a consolidação do setor bancário fez crescer a
distância entre o JP Morgan e os
líderes do setor". Sem condições
de ganhar escala, os americanos
preferiram vender a operação.
Na opinião de André Cappon,
presidente da CBM Group, empresa de consultoria financeira de
Nova York, a venda da área de
fundos do JP Morgan ocorreu
porque ele "não teve sucesso com
esse negócio no Brasil".
Nos anos 90, segundo Cappon,
bancos americanos e europeus
viam a América Latina com grande expectativa, acreditando no
crescimento de uma classe média
emergente, que sustentaria o crescimento do mercado financeiro.
"Essa classe média, porém, era
composta de funcionários públicos e foi dizimada com as privatizações", afirma.
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