São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 2006

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Profissão é 100% masculina, diz estudo

DA SUCURSAL DO RIO

Uma constatação do estudo sobre mototáxis: 100% dos entrevistados são homens. Na organização das cooperativas da Rocinha, as mulheres entram nas funções administrativas ou de fiscalização. "Mototáxi é uma atividade masculina", comenta Natasha Fonseca, autora do estudo.
"Reproduz-se assim, na estruturação do serviço, a associação das atividades de risco ao homem que se faz normalmente na rua".
Também são expressivos os dados sobre educação: 93,8% abandonaram os estudos -metade deles afirma que foi para trabalhar. A outra metade, além de não gostar de estudar, atribui o abandono ao desejo de ficar mais tempo na rua com os amigos e até ir "aos bailes funk".
A maioria dos entrevistados (56,3%) tem até 24 anos. Só 1,6% já passou dos 40. No universo pesquisado, 28,1% vivem com companheira e só 9,4% são casados. A quase totalidade dos mototáxis (97%) moram na favela.
O perfil da maioria é parecido: entrou no mercado de trabalho aos 16 anos e, em 90% dos casos, houve decepção na primeira experiência profissional em relação à expectativa que tinha antes de se tornar auxiliar de cozinha, balconista, entregador -ocupações consideradas por eles como "subalternas e desgastantes".
Em busca de autonomia, liberdade e aventura, encontraram o mototáxi. Fonseca explica que nenhum dos "pilotos" que entrevistou mencionou jornada excessiva de trabalho. "Isso pode ser explicado pelo fato de trabalharem para si, de disporem seus horários e do tempo de trabalho se confundir, até certo ponto, com o horário de não-trabalho."
A pesquisa foi feita entre agosto e novembro de 2004, com 64 entrevistados e virou tese de mestrado da Ence em dezembro de 2005.

Informalidade
O mototáxi é uma atividade informal -surgiu como clandestina, mas está em processo de regulamentação. Os pioneiros surgiram em meados de 97, em Lins, noroeste do Estado de São Paulo. Era serviço restrito, só para conhecidos, que se espalhou e acabou legalizado na cidade em 99.
A novidade logo se difundiu pelo país, na carona do desemprego jovem e do baixo custo das motos.
Na Rocinha, favela com mais de 55 mil moradores, segundo o Censo 2000, ocorre uma das maiores concentrações de mototáxis: são 350, organizados em 11 cooperativas. (SC)


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