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Programa fará dívida recuar menos, diz estudo
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderá ter custo fiscal de cerca
de 2,5 pontos percentuais do
Produto Interno Bruto, na
forma de redução menor na
relação dívida/PIB.
A estimativa, de Alexandre
Schwartsman, ex-diretor do
BC e economista-chefe do
ABN-Amro Bank para a
América Latina, é que a dívida caia de 49,3% do PIB para
42,2% do PIB em 2010.
O estudo considera a redução já anunciada do superávit primário, que o governo
usa para pagar juros, e um
crescimento do PIB em linha
com a previsão do mercado.
Pelo cenário do governo,
que prevê crescimento da
economia de 5% a partir de
2008, a relação dívida/PIB
chegará a 2010 em 39,7%.
A única maneira de as projeções de mercado se aproximarem do que o governo
projetou é se o superávit primário não for reduzido dos
atuais 4,25% para 3,75% do
PIB. Nesse caso, Schwartsman estima que a dívida chegue a dezembro de 2010 em
40,1% do PIB, só 0,4 ponto
acima do cenário oficial.
A relação dívida/PIB é um
dos indicadores mais importantes de solvência do governo. Mostra se o país é capaz
de gerar riquezas para pagar
o que deve aos credores.
Uma redução nessa relação,
em teoria, abre espaço para
uma queda nos juros, pois o
investidor exigiria remuneração menor do governo porque o risco de calote cairia.
"O custo fiscal do PAC não
ameaça a estabilidade. A discussão é, por um lado, a velocidade de queda da relação
dívida/PIB e, por outro, a ausência de medidas para resolver o problema fiscal", escreve Schwartsman.
Para ele, o aumento na taxa de crescimento não será
garantido por meio da elevação dos investimentos públicos. Segundo ele, o alto gasto
do governo, de 34% do PIB,
teria que ser contido, e a carga tributária, de 38% do PIB,
reduzida, para abrir espaço
para o investimento privado.
O economista Guilherme
Loureiro, da Tendências
Consultoria, considera a estratégia do governo arriscada. Para ele, o impacto fiscal
é reduzido num cenário em
que tanto a economia brasileira quanto a internacional
estão calmas. "Se houver alguma mudança na trajetória
de juros, a situação fica bastante complicada."
Para Loureiro, o governo
conseguiria aumentar muito
mais o crescimento da economia se apostasse na manutenção do superávit primário
e na redução mais acelerada
da relação dívida/PIB.
A economista Cassiana
Fernandes, da Mauá Investimentos, vê sinais positivos
no PAC, como a regra de reajuste do funcionalismo público, que não deve crescer
mais que 1,5% acima da inflação, e a decisão de elevar os
gastos com investimentos.
Mas aponta que o setor privado seria mais eficiente para investir que o governo.
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