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Indústria de SP tem retração recorde
Com a crise, atividade recua 10,2% no quarto trimestre do ano passado; resultado é o pior desde 2002
Setor de máquinas e
equipamentos também é
afetado e tem redução de
9,9% no faturamento nos
últimos três meses de 2008
YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com a chegada da crise financeira global ao país, o setor
industrial registrou retração no
quarto trimestre de 2008.
A indústria paulista apresentou no período o seu pior desempenho acumulado da série
histórica do INA (Indicador do
Nível de Atividade da Indústria), iniciada em 2002, segundo a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A atividade caiu 10,2% nos
três últimos meses de 2008.
Segundo o diretor do Depecon (Departamento de Pesquisas Econômicas) da Fiesp, Paulo Francini, as perspectivas para os próximos meses não são
animadoras devido à deterioração das expectativas do empresariado.
A pesquisa antecedente do
Sensor Fiesp fechou em 38,9
pontos na segunda quinzena de
janeiro, ante 43,5 pontos na
primeira quinzena. Uma pontuação abaixo de 50 indica pessimismo.
"Como o empresário tem
certeza da rota de queda, ele se
prepara", disse Francini, o que
resulta, de acordo com ele, em
demissões e redução de investimentos. "Por isso que o emprego está respondendo muito
mais rápido à queda de produção do que em outros momentos", afirmou.
Com as demissões, Francini
prevê que a redução da renda e
da demanda seja o próximo
passo da crise. "O mundo está
mostrando essa sequência",
disse o economista, referindo-se às revisões apresentadas ontem pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) -que
elevaram a previsão do número
de desempregados pela crise no
mundo de 20 milhões para 51
milhões- e do FMI (Fundo
Monetário Internacional)
-que reduziu o crescimento
médio global para 2009 de
2,2% para 0,5%. "Como pegamos a crise um pouco atrasados
[em relação aos países desenvolvidos], sabemos qual será o
próximo passo."
Bens de capital
O faturamento no setor de
máquinas e equipamentos caiu
9,9% no último trimestre do
ano passado em relação ao período anterior, segundo dados
divulgados ontem pela Abimaq
(Associação Brasileiras de Máquinas e Equipamentos). No
ano, puxado pelo período pré-crise, porém, o setor faturou R$
78 bilhões, alta de 21,6% sobre
2007, desempenho recorde.
Com as dificuldades no mercado de crédito, porém, o setor
já prevê queda nos investimentos para este ano: R$ 6,8 bilhões
contra R$ 7,1 bilhões em 2008.
Desde setembro, mês marcado pelo recrudescimento da
crise, o setor já registrou redução de 38,9% em sua carteira de
pedidos, puxada por setores como o siderúrgico e o sucroalcooleiro. Para o primeiro trimestre, a Abimaq vislumbra
queda de 19% nas vendas.
"Essa é uma crise de financiamento. Mas a atitude conservadora por parte dos bancos
na concessão do crédito acaba
por fabricar uma crise econômica", disse o vice-presidente
da Abimaq, Carlos Pastoriza.
"Temos casos de empresas saudáveis que correm o risco de fechar as portas por falta de capital de giro", ressalta.
Em dezembro, a indústria de
máquinas e equipamentos fechou 5.334 vagas, a maior queda desde dezembro de 1998.
A Abimaq encaminhou ao
governo uma série de propostas para evitar o agravamento
da crise, entre elas a redução da
taxa Selic e a desoneração de
investimentos produtivos.
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