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FMI prevê menor crescimento em 60 anos
Fundo revê projeção pela 3ª vez em quatro meses, estima que o mundo vai crescer 0,5% e deixa recuperação para 2010
Países com economia considerada avançada vão ter retração de 2% neste ano; crescimento do Brasil deve ficar em 1,8%, diz FMI
DE NOVA YORK
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) projeta para
2009 a menor taxa de crescimento global em mais de 60
anos. Após novo corte nas suas
previsões (o terceiro em quatro
meses), o Fundo estima agora
que o mundo crescerá só 0,5% e
que há alguma chance de maior
recuperação em 2010.
Na estimativa do FMI, as
economias avançadas atravessarão longa recessão. Ela resultará em uma retração nesses
países de 2%. O fraco desempenho global ficará, portanto,
"nas costas" dos emergentes.
Para o Brasil, o Fundo projetou aumento do PIB (Produto
Interno Bruto) de 1,8% em
2009, acima da média da América Latina (1,1%), mas abaixo
dos estimados 5,5% de 2008.
China e Índia devem ver o
ritmo de seu crescimento cair à
metade do desempenho de
2007. Os dois países devem
crescer 6,7% e 5,1%, respectivamente. Na média, os emergentes devem evoluir 3,3% em
2009. Em 2008, foram 6,3%.
"A redução no ritmo da atividade econômica foi dramática.
Nas economias avançadas, o
impacto maior veio da queda
no consumo e de uma brutal diminuição na confiança de empresas e consumidores. Entre
os emergentes, o impacto foi
externo, com um colapso nas
exportações, na oferta de crédito de fora, que tende a piorar, e
com a diminuição dos preços
das commodities", resumiu o
economista-chefe do FMI, o
francês Olivier Blanchard.
Comércio mundial
Depois de ter crescido 4,1%
no ano passado, o volume de
comércio mundial deve recuar
2,8% neste ano, impactando
principalmente as economias
mais dependentes das exportações, como a chinesa.
A única boa notícia nas previsões do Fundo é que a inflação
parece estar completamente
sob controle, havendo até o risco de deflação em alguns países. A alta de preços nas economias avançadas ficará em 0,3%.
Entre os emergentes, em 5,8%
(ante 9,2% em 2008).
A inflação em queda, segundo Blanchard, vem permitido
atacar a crise com uma combinação agressiva de corte nos juros e aumento dos gastos estatais, via déficit público.
"O ajuste daqui em diante
ainda será bastante doloroso. O
quadro atual se converteu também em uma crise de confiança, em uma atitude de esperar
para ver como as coisas vão ficar. Quando a chave é a confiança, é essencial que as políticas adotadas sejam amplas e
fortes para que ela retorne."
Dentro desse quadro de
"ajuste doloroso" e de "esperar
para ver", Blanchard afirmou
que parte essencial do novo
plano econômico em gestação
pelo governo de Barack Obama,
o corte de impostos, pode ter
um efeito "muito limitado" sobre a economia.
O plano prevê reduzir impostos de quase US$ 300 bilhões
para a classe média e as famílias
mais pobres nos EUA. Mas
Blanchard avalia que grande
parte do dinheiro a mais tenderá a ser poupado ou usado para
pagar dívidas, e não direcionado ao consumo.
"O mais efetivo é o governo
aumentar ele mesmo seus gastos na economia via investimentos em infraestrutura, por
exemplo", disse.
(FCZ)
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