São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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FMI prevê menor crescimento em 60 anos

Fundo revê projeção pela 3ª vez em quatro meses, estima que o mundo vai crescer 0,5% e deixa recuperação para 2010

Países com economia considerada avançada vão ter retração de 2% neste ano; crescimento do Brasil deve ficar em 1,8%, diz FMI


DE NOVA YORK

O FMI (Fundo Monetário Internacional) projeta para 2009 a menor taxa de crescimento global em mais de 60 anos. Após novo corte nas suas previsões (o terceiro em quatro meses), o Fundo estima agora que o mundo crescerá só 0,5% e que há alguma chance de maior recuperação em 2010.
Na estimativa do FMI, as economias avançadas atravessarão longa recessão. Ela resultará em uma retração nesses países de 2%. O fraco desempenho global ficará, portanto, "nas costas" dos emergentes.
Para o Brasil, o Fundo projetou aumento do PIB (Produto Interno Bruto) de 1,8% em 2009, acima da média da América Latina (1,1%), mas abaixo dos estimados 5,5% de 2008.
China e Índia devem ver o ritmo de seu crescimento cair à metade do desempenho de 2007. Os dois países devem crescer 6,7% e 5,1%, respectivamente. Na média, os emergentes devem evoluir 3,3% em 2009. Em 2008, foram 6,3%.
"A redução no ritmo da atividade econômica foi dramática. Nas economias avançadas, o impacto maior veio da queda no consumo e de uma brutal diminuição na confiança de empresas e consumidores. Entre os emergentes, o impacto foi externo, com um colapso nas exportações, na oferta de crédito de fora, que tende a piorar, e com a diminuição dos preços das commodities", resumiu o economista-chefe do FMI, o francês Olivier Blanchard.

Comércio mundial
Depois de ter crescido 4,1% no ano passado, o volume de comércio mundial deve recuar 2,8% neste ano, impactando principalmente as economias mais dependentes das exportações, como a chinesa.
A única boa notícia nas previsões do Fundo é que a inflação parece estar completamente sob controle, havendo até o risco de deflação em alguns países. A alta de preços nas economias avançadas ficará em 0,3%. Entre os emergentes, em 5,8% (ante 9,2% em 2008).
A inflação em queda, segundo Blanchard, vem permitido atacar a crise com uma combinação agressiva de corte nos juros e aumento dos gastos estatais, via déficit público.
"O ajuste daqui em diante ainda será bastante doloroso. O quadro atual se converteu também em uma crise de confiança, em uma atitude de esperar para ver como as coisas vão ficar. Quando a chave é a confiança, é essencial que as políticas adotadas sejam amplas e fortes para que ela retorne."
Dentro desse quadro de "ajuste doloroso" e de "esperar para ver", Blanchard afirmou que parte essencial do novo plano econômico em gestação pelo governo de Barack Obama, o corte de impostos, pode ter um efeito "muito limitado" sobre a economia.
O plano prevê reduzir impostos de quase US$ 300 bilhões para a classe média e as famílias mais pobres nos EUA. Mas Blanchard avalia que grande parte do dinheiro a mais tenderá a ser poupado ou usado para pagar dívidas, e não direcionado ao consumo.
"O mais efetivo é o governo aumentar ele mesmo seus gastos na economia via investimentos em infraestrutura, por exemplo", disse. (FCZ)


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