São Paulo, sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

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Bradesco lucra R$ 8 bi e prevê retomada do crédito

Empréstimos cresceram 6,8% em 2009, e banco espera alta de até 25% neste ano

Receita com serviços, como tarifas de contas, subiu 8% no período; resultado sinaliza que, apesar da crise, ano foi positivo para o setor


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco abriu a safra de balanços de 2009 das grandes instituições financeiras brasileiras. O que os seus números mostraram foi que a crise começa a ficar para trás, com a inadimplência em queda e o crédito começando a reaquecer. Em 2009, o Bradesco alcançou lucro líquido de R$ 8,012 bilhões, 5,1% mais que o registrado em 2008.
A melhora pode ser verificada especialmente no quarto trimestre, quando o banco conquistou lucro de R$ 2,181 bilhões -20,8% acima do marcado no mesmo período de 2008. A inadimplência acima de 90 dias desceu de 5,1% para 4,9% no último trimestre do ano.
A participação do crédito no resultado do banco tem melhorado, indo de 21% no terceiro trimestre para 23% no quarto trimestre. Mas ainda está abaixo do registrado em 2008, quando representou 25% dos ganhos da instituição.
No fim de dezembro, a carteira de crédito do Bradesco alcançou inéditos R$ 228,08 bilhões, com crescimento de 6,8% em 12 meses. Em 2008, o crédito se expandiu 33,4%. Para 2010, o banco prevê crescimento de até 25%.
"Este será um ano de crescimento acelerado, o que faz com que as empresas tenham necessidades maiores de investimento e de capital de giro. O motor do crescimento em um primeiro momento foi o consumo. Agora, em 2010, será o investimento", afirmou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.
O principal fator a contribuir para o crescimento projetado pelo banco será o crédito destinado às pequenas e médias empresas, para as quais espera um aumento de 28% a 32% neste ano. O segmento de pessoa física, que vinha sendo o grande destaque da expansão na concessão de crédito no país nos últimos anos, deve registrar aumento entre 16% e 20%.
Ao menos, segundo o executivo, o aquecimento do crédito não implicará em elevação do "spread" -diferença entra a taxa que os bancos pagam ao captar e a que aplicam aos clientes. "Os "spreads" estão limitados pela grande concorrência que há hoje no setor bancário."
Mais do que o crédito, foi a área de seguros e previdência o grande destaque entre outubro e dezembro. A participação desse segmento no lucro do banco subiu de 34% no terceiro para 38% no quarto trimestre.

Tarifas em alta
Outro ponto relevante para o resultado do banco foi o crescimento da receita de serviços -que incluem tarifas de contas e cartões-, que teve aumento de 8,1% em 12 meses. Diferentemente do que alguns analistas previam, a receita de serviços não foi achatada em decorrência das mudanças operadas pelo BC em 2008. O Bradesco obteve R$ 11,6 bilhões em receitas com serviços em 2009.
"O resultado do Bradesco sinaliza o que os outros grandes bancos devem trazer. Apesar da crise, 2009 vai acabar por se mostrar muito bom para o setor bancário", diz Pedro Galdi, analista-chefe da corretora SLW. "O que chamou a atenção foram as projeções do Bradesco para 2010, especialmente sua expectativa para o crescimento do crédito às empresas."
Na BM&FBovespa, a ação PN do Bradesco encerrou com valorização de 1,69%.


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