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DISPUTA INTERNA
Com aprovação tácita do Palácio do Planalto, diretores barram plano de forte expansão de Steinbruch
Vale privatizada já preocupa governo
LUÍS COSTA PINTO
da Reportagem Local
O empresário Benjamin Steinbruch está travando uma queda-de-braço pelo controle do Conselho de Administração da Companhia Vale do Rio Doce.
É uma briga de titãs. Ele disputa a
ascendência sobre a Vale com o
megainvestidor internacional
George Soros e o Banco Opportunity. O Previ, fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil, é
o fiel de balança na disputa. A briga preocupa o governo.
Tramou-se uma rede de intrigas
dentro do Palácio do Planalto contra Steinbruch, controlador da
Companhia Vale do Rio Doce e da
Companhia Siderúrgica Nacional.
Privatizadas respectivamente em
maio de 97 e abril de 93, as duas
empresas formam a dupla das
mais reluzentes jóias da coroa de
estatais já privatizadas.
Em função das intrigas, o Previ,
que tem dois dos nove membros
do Conselho de Administração da
Vale do Rio Doce, votou contra o
projeto de Steinbruch de fazer com
que a Vale e a CSN se associassem
para comprar a Sidor (Siderúrgica
del Orenoco), estatal da Venezuela
privatizada no início deste mês.
Esse voto levou ao veto da associação das ex-estatais.
A partir dessa derrota de Steinbruch e dos dois outros conselheiros da CSN dentro do Conselho da
Vale, instalou-se ali uma queda-de-braço administrativa.
O Previ, cujas posições têm força
para pôr do seu lado os conselheiros do Petros e do Funcef, fundos
de pensão da Petrobrás e da Caixa
Econômica Federal, respectivamente, chegou à Vale associado a
Steinbruch e à CSN no consórcio
Valepar mas nos últimos dois meses tem firmado posições muito
mais próximas de seus adversários
no Conselho da Vale: o Banco Opportunity, dos economistas Pérsio
Arida e Daniel Dantas, e o Banco
Liberal, representante do megainvestidor internacional George Soros, que administra US$ 20 bilhões
em investimentos nas Bolsas de
Valores do mundo inteiro.
"Existem opiniões divergentes
dentro do Conselho da Vale, isso
ocorre em todas as reuniões, e
considero positivo" diz Benjamin
Steinbruch, que está incomodado
com o disse-me-disse que o cerca e
às suas empresas.
"Há muita plantação de notícia,
muita fofoca, porque incomodamos muita gente quando assumimos o controle da Vale e da CSN",
afirma Steinbruch.
Na primeira semana de dezembro do ano passado dois parlamentares tucanos, ambos de São
Paulo, em audiências diferentes,
estiveram com o presidente Fernando Henrique Cardoso e falaram sobre a Vale do Rio Doce.
Levaram a FHC a informação de
que alguns empresários paulistas e
economistas estrangeiros com poder de influência sobre as oscilações do mercado internacional estavam preocupados com a falta de
clareza nas estratégias traçadas por
Steinbruch para a Vale.
As conversas foram um pouco
mais além. Disseram que ele estava
induzindo a Companhia Vale do
Rio Doce a se associar à Companhia Siderúrgica Nacional (cujo
conselho também controla) para,
juntas, comprarem a Sidor, maior
siderúrgica venezuelana.
Alertaram o presidente para o
vencimento, em maio deste ano,
de uma dívida de R$ 500 milhões
que a CSN tem com o Nations
Bank dos Estados Unidos e contraída em maio do ano passado para a compra da Vale.
O presidente considerou relevantes as informações e conversou, ele mesmo, com pelo menos
dois empresários paulistas -um
banqueiro e um industrial- sobre
o assunto. Também trocou idéias
acerca do tema com o secretário-geral da presidência, Eduardo
Jorge Caldas Pereira.
Desde que FHC ocupou o Ministério da Fazenda, no governo do
ex-presidente Itamar Franco,
Eduardo Jorge tornou-se o encarregado informal pelo relacionamento entre a equipe do então ministro e os fundos de pensão estatais -como o são o Previ, o Funcef
e o Petros.
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